Quarta-feira de Cinzas dá origem ao período da Quaresma.| Foto: Unsplash
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A cor roxa dará o tom nas missas e celebrações litúrgicas a partir desta quarta-feira (22) nos ritos da Igreja Católica. A tonalidade pode significar resignação, tristeza e dor. E faz referência, neste período a um tempo em que Jesus Cristo passou por provações e dificuldades, conhecido por ter permanecido durante 40 dias no deserto. A Igreja Católica inicia com a Quarta-feira de Cinzas, o tempo da Quaresma, convidando os fieis e cristãos à reflexão, à conversão, à mudança de vida. Da mesma maneira que o Senhor suportou as tentações, somos convidados a enfrentar os desafios da nossa vida mundana, buscando elevar a espiritualidade.

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A Quaresma dura 40 dias. O número tem um significado para além da literalidade e simboliza um tempo de provação, um período em que Deus nos faz esperar, nos prova e nos testa. São 142 menções ao número. Algumas delas, além dos 40 dias e das 40 noites que Cristo passou no deserto, fazem referência a grandes momentos bíblicos. Entre eles estão o dilúvio da Terra (Gênesis 7, 4-17); a peregrinação do povo de Israel no deserto, durante 40 anos (Números 14, 34); o reinado de Davi durou 40 anos em Israel (2º Samuel 5, 4), assim como o reinado de Salomão (1º Reis 11, 42); e a permanência de Jesus durante 40 dias com os apóstolos após ressuscitar (Atos 1, 3).

Na modernidade em que vivemos, a Quaresma se ressignificou, mas permanece mais atual do que nunca, mais viva e contemporânea que sempre.

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Nesse sentido, o tempo quaresmal que estamos prestes a viver significa um tempo de espera, de provações, de amadurecer espiritualmente. Diferentemente de séculos atrás, quando os cristãos eram rígidos nesta época, sem fazer festas, sem comemorações, sem alegrias, sem extravagâncias, hoje em dia a Quaresma se transformou num período de jejuns e penitências das mais variadas formas: desde deixar de comer algum tipo de alimento até fazer um esforço para não fofocar, não mexer muito nas redes sociais, entre outras situações. Tudo é válido se for para ajudar a converter nosso coração a Deus.

Na modernidade em que vivemos, a Quaresma se ressignificou, mas permanece mais atual do que nunca, mais viva e contemporânea que sempre. Então, a Igreja nos convida a viver intensamente a liturgia quaresmal, além de realizar, com diz São Leão, “quarenta dias de exercícios que a Divina Providência muito saudavelmente nos dá”. Entre os exercícios espirituais mais comuns nessa época do ano estão a oração diária do terço ou rosário, a participação diária na Santa Missa, a adoração à Eucaristia, além de elementos práticos como doações, trabalhos sociais, visitas aos doentes.

É impossível não ser impactado por algumas das atividades litúrgicas. Nosso calendário civil, inclusive, segue o calendário religioso. O carnaval, por exemplo, é uma data móvel que se define de acordo com a Quarta-feira de Cinzas e a Quaresma. Assim, a vida espiritual vai moldando a vida terrena. E nossa saúde física também depende de nossa saúde mental e espiritual. Por isso, convidamos sempre todos para participarem de alguma dessas atividades programadas, a fim de refletirmos sobre nossa rotina, nossa vida, nosso cotidiano, nosso dia a dia.

Enfim, após a cor roxa dar o tom das celebrações quaresmais, a liturgia passa à cor vermelha, que simboliza o martírio, para, enfim, utilizar a cor branca da vitória e da ressurreição. Que nesta Quaresma possamos viver intensamente os propósitos espirituais em nossa vida, para podermos celebrar as alegrias da Páscoa.

Rodolfo Trisltz é padre, pároco e reitor do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, na Vila Nova em Londrina - PR.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]