Proteger é tomar a defesa de, apoiar, favorecer, preservar de mal, patrocinar, resguardar e defender. Proteção animal poderia ser definida como defendê-los, preservá-los do mal, resguardá-los física e psicologicamente.

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E o que realmente está sendo feito? O movimento de proteção animal realmente está protegendo os animais? Os protetores de animais estão realmente os resguardando física e psicologicamente? Os poderes públicos, como tutores dos animais, os estão preservando do mal? Os médicos veterinários estão comprometidos de fato com o bem-estar dos animais?

Abrigos superlotados sem programas preventivos e de promoção da adoção responsável, prefeituras sem políticas públicas efetivas para a prevenção e combate ao abandono de animais, médicos veterinários desinformados quanto à importância da medicina de abrigos na promoção do bem-estar dos animais. E assim os animais continuam sofrendo, diante de uma sociedade incapaz de agir intersetorialmente, interdisciplinarmente para que a epidemia do abandono de cães e gatos seja controlada e prevenida.

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No Brasil, a maioria das iniciativas de abrigos de animais se resume a acumulá-los, negligenciando os programas preventivos de doenças infecciosas e de promoção do bem-estar dos animais, colocando-os em situação de prisão perpétua, a seu próprio destino, onde recebem alimento, nem sempre de boa qualidade. Apesar das boas intenções em recolher animais em situação de risco, de receber animais de prefeituras e polícias, isso pode ser chamado de proteção animal?

Os animais precisam ser compreendidos com um novo olhar, com o próprio olhar deles, como indivíduos que têm necessidades psicológicas e comportamentais complexas, que vão além do nosso conhecimento; mas as básicas, é nossa obrigação oferecer. Ter espaço para poder brincar, interagir positivamente com outros animais e pessoas, estar livres de doenças e dor, e poder ser desafiados mentalmente está muito longe do que um abrigo de animais esteja oferecendo hoje a eles em Curitiba.

E a sociedade precisa saber que os animais não estão melhores no abrigo do que na rua. Que não basta receber ração e água todos os dias. Eles precisam e merecem mais. Eles precisam da nossa compaixão, mas, acima de tudo, da nossa ação. Isso, sim, vai impactar positivamente as suas vidas e poderemos dizer que estamos protegendo os animais.

O Departamento de Veterinária da UFPR, após 30 dias de trabalhos na Sociedade de Proteção Animal de Curitiba (Spac), diagnosticou maus-tratos aos animais, prática ilegal da profissão de médico veterinário e falta de estrutura para realização de cirurgias. Para dar continuidade à parceria, foi solicitado à diretoria da Spac:

Que pare de receber animais sadios: pois a alta densidade de animais no local e a falta de programas preventivos predispõe os animais abrigados a doenças infectocontagiosas e consequente sofrimento;

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E que pare de fazer cirurgias: a falta de técnicas sépticas e de estrutura regularizada para a realização das cirurgias, além da prática ilegal da profissão veterinária, justificaram a solicitação da paralisação das cirurgias.

Infelizmente, a diretoria da Spac não aceitou os termos acima e a parceria foi interrompida.

É preciso pensar além. Como diz a autora Nina Rosa: "Para os animais não importa o que pensamos ou sentimos, e sim o que fazemos por eles". Rita Garcia é professora do Departamento de Medicina Veterinária da UFPR.

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