Curitiba mais uma vez é referência no campo da educação ao se tornar a primeira cidade a oferecer atividades de psicomotricidade relacional nas escolas públicas. A Câmara Municipal, com apoio da Secretaria de Educação, aprovou o projeto de lei que coloca a psicomotricidade relacional ao alcance dos alunos do ensino público. A metodologia privilegiava, até então, somente crianças de certas escolas particulares. Com o resultado obtido em mais de 20 anos de experiência, no trabalho com professores e alunos, em várias instituições educacionais e sociais, podemos constatar os resultados positivos obtidos através da aplicação desta prática, como ferramenta de ajuda ao professor para despertar no aluno o desejo de aprender. Educando e educador se vêem motivados por uma comunicação mais autêntica e, inseridos na dialética de ensino aprendizagem, abrem caminhos para a construção do conhecimento e do bem-estar social.

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A psicomotricidade relacional leva à reflexão sobre a necessidade de sair do discurso verbal e a agir na busca de uma comunidade educacional aberta e a uma demanda de relações que se baseia em valores éticos e no respeito à história de vida que cada aluno leva para a escola. Nesse contexto, os comportamentos afetivo-emocionais tornam-se indispensáveis para a conquista de novas aquisições e conhecimentos essenciais ao bem-estar pessoal e social.

A escola é um espaço fértil para a prática da psicomotricidade relacional, que vem ampliando, de forma transdisciplinar, sua ação transformadora, principalmente, no que se refere ao exercício da cidadania. A psicomotricidade relacional comunga com a proposta do Unesco e da "Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI", sedimentando, na prática, a base da educação em quatro pilares fundamentais: "aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser". Inspirada no ensinamento dos grandes mestres e em sintonia com os ideais de cidadania apregoados pela Constituição e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, a psicomotricidade relacional, independentemente da faixa etária com quem atua – criança, adolescente, adulto, professores ou alunos – ocupa cada vez mais espaço no mundo e amplia sua responsabilidade social.

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André Lapierre, há 40 anos, afirmava: "transformar a escola é, quem sabe, a longo prazo, transformar a sociedade". A Câmara Municipal e a Secretaria de Educação, sensibilizadas com esta verdade, investiram concretamente, com ações efetivas e propícias à transformação e ao crescimento do profissional da educação e do aluno e, principalmente, às mudanças sociais que se iniciam na escola. A psicomotricidade relacional na escola se compromete a auxiliar o professor e o aluno na construção de valores necessários às conquistas cotidianas do processo de ensino-aprendizagem, canalizando ações, efetivando sonhos e direitos, para que se possa estabelecer na escola uma comunicação mais saudável. Ela prepara o aluno para elaborar pensamentos autônomos e críticos, de modo a poder decidir, de modo ético, como agir em diferentes situações da vida. Também trabalha com a saúde emocional, ou seja, com o que há de positivo nas relações interpessoais dentro e fora do ambiente escolar.

José Leopoldo Vieira é professor e psicomotricista didata.