Nos últimos anos, a renovação de CEOs sinalizou uma mudança na cultura da indústria de alimentos. Se antes esses profissionais escalavam degraus internos das empresas para chegar a cargos de chefia, hoje os novos CEOs alcançam cada vez mais espaço com um olhar pragmático para atingir resultados claros. Um olhar que vem de fora das corporações.
Empresas como a Heinz preferem contratar líderes como Bernardo Hees, por exemplo, um profissional que admite “ter chegado ao comando da companhia sem entender praticamente nada do negócio”, mas que soube botar a mão na massa e deu importância a uma boa equipe disposta a ajudá-lo. Um bom exemplo de prática de renovação com visão para planejamento.
Nosso sistema eleitoral elege bandos e não pessoas
Atualmente, não basta um profissional conhecer bem a estrutura interna da empresa onde trabalha para ser promovido; não há mais espaço para comodismo. As novas práticas e consumidores mais participativos exigem atenção às críticas e ao impacto das ações das empresas na sociedade. Ser trainee na Heinz não garante um percurso tranquilo até a diretoria. A marca tem sua força, mas o CEO técnico com olhar pragmático, que saiba entender as demandas de seus clientes, tem mais valor. Clientes jovens querem obter informação com mais rapidez e transparência. O preço está de acordo com o produto? O investimento vale a pena? O produto tem qualidade?
Percebendo essa transformação de cultura em um setor antes tão engessado, vejo que já passou da hora de nos preocuparmos com a eficiência também no mundo político.
O que aconteceria se o Brasil parasse de promover políticos que fizeram carreira dentro da máquina pública por conta da confiança de um partido, e não da população? Nosso sistema eleitoral elege bandos e não pessoas. Não teria chegado a hora de cobrarmos candidatos pragmáticos, com metas e agendas mais claras? Independentemente do partido ou do sistema político, transparência nos gastos e prestação de contas com o dinheiro do cidadão nunca foram prioridade para quem está no poder. Agora, após tanta desconfiança por parte do eleitor, será que a mentalidade dos candidatos em 2018 será diferente?
Da mesma autora: Em defesa do protagonismo (18 de dezembro de 2016)
Nossas convicções: A finalidade da sociedade e o bem comum
Quando a sociedade opta por profissionais técnicos na elaboração de projetos e que executem orçamentos nos quais a qualidade de serviços é prioridade, o cidadão ganha melhores ferramentas para fiscalizar e se interessar pela política. Em 2018, o Brasil terá candidatos que não foram criados em partidos; teremos pessoas de formação no setor privado responsáveis por trazer olhares mais objetivos para a política nacional. Eles vão precisar do apoio da população, no sentido de dar a eles a oportunidade de mostrar com transparência e objetividade como os impostos serão usados e o que o cidadão exigente vai ver de mudança na política.
Seja engajado, busque informação sobre os candidatos, não confie em propaganda de status de partido. Acredite que o dinheiro é seu e que o governo trabalha para você, não o contrário.