A estudante Karoline Verri Alves, de 17 anos, e seu namorado Luan Augusto, 16, foram baleados a sangue frio no ataque a tiros ocorrido no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, no norte do Paraná. Karoline morreu pouco depois, enquanto Luan, baleado na cabeça e levado ao hospital em gravíssimo estado, veio a falecer na manhã de terça (20). A motivação do assassino, um homem de 21 anos que também foi aluno da instituição, ainda é uma incógnita.
Mas dado o perfil social das duas vítimas, não seria irrazoável perguntar se a motivação não teria sido até por odium fidei – termo usadopara classificar os crimes cometidos por hostilidade à fé católica – muito comuns em diversos países, com ocorrências trágicas inclusive no Brasil, sem excetuar casos de explícita cristofobia nos anos recentes. Sabe-se que Karoline era uma jovem muito atuante na paróquia Santo Antônio de Cambé, onde seus pais são coordenadores de uma comunidade católica, da qual também Luan participava. Os pais já declararam que pretendem doar os seus órgãos.
Esperava-se que os tais pastores saíssem em intrépida defesa do seu rebanho quando ele é atacado e dilacerado. Mas não foi o que aconteceu.
O trágico e precoce fim dessas vidas, no entanto, não parece ter causado a menor comoção na alta cúpula do episcopado. Até a hora da redação deste artigo nenhuma nota de pesar ou moção de condolência pelos jovens havia sido publicada nas redes das CNBB. Nem sequer uma palavra de fé (ainda há?) ou de conforto aos pais, aos professores ou à comunidade paroquial na qual os dois serviam.
Seria natural (e até esperado) que os bispos exigissem profundas investigações sobre o assassino e mais segurança nas escolas, que conclamassem o povo fiel à oração pelas almas das vítimas e pela consolação das famílias, que protestassem contra os crescentes atos de violência e hostilidade aos católicos no mundo todo – muitas vezes com derramamento de sangue, outras vezes manifestada em peças sacrílegas travestidas de um falso “humor”, e outras, ainda, em inflamados discursos políticos anticlericais. Enfim, esperava-se que os tais pastores saíssem em intrépida defesa do seu rebanho quando ele é atacado e dilacerado. Mas não foi o que aconteceu.
Talvez os distintos prelados até se prestassem a expressar alguma solidariedade se Karoline e Luan fossem ativistas de algum partido socialista com ligações espúrias com regimes totalitários de extrema-esquerda, compadrio com ditadores sanguinários, ou se eles, ao menos, já tivessem sido presos por corrupção e lavagem de dinheiro.
Amam-se os lobos carniceiros enquanto as ovelhas mais fiéis são desprezadas e espiritualmente negligenciadas.
Na mesma manhã em que os devotos paroquianos eram assassinados, representantes da CNBB e até mesmo do Vaticano desfrutavam de um festivo encontro no Palácio da Alvorada. Pelas fotos, vê-se que os bispos tiveram um momento mui amistoso, cheio de sorrisos, abraços e amabilidades com o presidente Lula. Sim, com ele mesmo. Ele, cuja ministra da Saúde tem se esforçado para facilitar o assassinato de crianças em gestação no Brasil. Ele, que apoia explicitamente o regime comunista de Daniel Ortega na Nicarágua, que tem esmagado os católicos naquele país com perseguições e duríssimas penas. Ele, que recentemente recebeu com honras e pompas o tirano Nicolás Maduro, seu amigo de longa data, apesar das torturas e dos assassinados cometidos por Maduro contra opositores e da fome que o caudilho impõe a todo o povo venezuelano enquanto desfruta de luxos exclusivos.
Contudo, as simpatias da nossa conferência episcopal pelo PT já são, há muito, conhecidas. Sympathy for the Devil, diriam os Rolling Stones. Amam-se os lobos carniceiros enquanto as ovelhas mais fiéis são desprezadas e espiritualmente negligenciadas. Mas não se renuncia à máscara da “fraternidade”, da “paz” e da “opção preferencial pelos pobres” – o que certamente não inclui as multidões famintas gemendo sob a bota de Maduro. Uma legítima cortesia da moralmente putrefata – embora politicamente bem-sucedida – Teologia da Libertação.
O que diria de tudo isso a suprema Cabeça invisível da Igreja, a quem as dissimuladas cabeças mitradas deveriam querer, antes de tudo, obedecer, amar e respeitar mais do que a qualquer poder mundano? Ora, Ele diria o que já disse: “Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Não há nada encoberto que não venha a descobrir-se, nem há nada de oculto que não venha a conhecer-se.” (Lc 12, 1).
Isso nos basta. Pois a esperança dos pequenos que tem fé verdadeira, a esperança de Karoline e Luan – requiescant in pace – não repousa na justiça dos grandes da terra e nos bens deste mundo, onde imperam tantos Caifás e tantos Herodes. Ela está nas promessas eternas do Justo entre os justos, d’Aquele que um dia virá para julgar os vivos e os mortos, segundo as suas obras. “Bem-aventurados” os primeiros, e “ai!” dos segundos, dixit Dominus.
Luiz Henrique de Moraes é jornalista, tradutor e mestre em Filosofia Política pela UFPR.
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