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Um país tão rico e vasto como o nosso não deveria ter muitos problemas. Temos riquezas, território produtivo e uma imensa capacidade de deixar uma marca em nossa geração. Contudo, mesmo com estes vários pontos positivos, o país tem um problema chamado corrupção. Algo que, em alguns momentos, parece fazer parte da vida da maioria das pessoas.
A começar pelo famoso “jeitinho brasileiro”, uma técnica que tenta resolver problemas de forma, digamos, não tão usuais, e que não é vista por todos como algo totalmente errada. É claro que não existe um país completamente livre da corrupção, mas é possível manter este problema controlado e os corruptos, acuados.
Existem basicamente dois tipos de corrupção que rondam a sociedade brasileira. A primeira é a corrupção sistêmica, que nada mais é que um sistema que incentiva pessoas de caráter duvidoso a serem corruptas, devido à fraqueza ou falhas no processo ou nas organizações. Isso pode ser visto na política, com os conhecidos “caixas 2” e propinas, entre tantas práticas ilegais, tudo por falta de controle e impunidade ou fruto de muita regulamentação e um Estado grande.
A segunda corrupção é a endêmica, que seria aquela corrupção velada, que nem todos percebem; é a corrupção da vida privada, praticada em pequena escala. É um troco a mais que uma pessoa não devolve, um objeto perdido que um cidadão leva embora, um dinheiro depositado indevidamente em sua conta corrente que você não quer devolver. Ela é perigosa justamente porque nem todos a percebem ou aceitam como errada, mas que não deixa de ser corrupção.
Não adianta olharmos para a política com olhos indignados, enquanto não percebemos os nossos erros e falhas. Precisamos exigir mudança, a começar pela nossa forma de agir como cidadãos e por todas as nossas escolhas políticas.
Se queremos uma política honesta, precisamos aprender a nos posicionar, a fugir destas pequenas falhas, agindo com assertividade. Precisamos também olhar para os nossos candidatos, acompanhar o seu trabalho e verificar se ele realmente está cumprindo o que prometeu.
Aquela velha máxima do “ele rouba, mas faz” não é justificável; não a podemos aceitar, pois a honestidade é uma obrigação de todos. Precisamos entender que fazer o trabalho que o político eleito está encarregado de executar é a sua obrigação; não roubar é o seu compromisso ético, além de obrigação.
A política é sempre um reflexo da sua população. Por isso uma sociedade ética e honesta elege sempre políticos honestos e éticos, além de se posicionar contra qualquer tipo de corrupção. Aceitar o jeitinho brasileiro é colaborar para que a corrupção se perpetue.
*Guilherme Augusto de Carvalho é especialista em Filosofia, Ciências da Religião e Ensino Religioso, e professor da área de Humanidades do Centro Universitário Internacional Uninter.