O presidente da John Deere do Brasil, Paulo Herman, em recente entrevista, perguntado sobre como vê o atual cenário brasileiro e qual mensagem gostaria de deixar aos brasileiros, foi rápido. Sem pestanejar, disse que deveríamos ler menos jornal e assistir menos à televisão, acreditar mais em nossa vocação, competência, capacidade e honestidade. Afirmou que esse país dos noticiários 24 horas por dia não é o nosso, não nos pertence, não somos nós e não nos representa. Foi além, ao dizer que devemos varrer do mapa esse tipo de gente que se apoderou do Estado em benefício próprio, “somos farinha de outro saco, gente de outra estirpe”, comentou, acrescentando: “Devemos fazer marcação cerrada para eleger apenas aqueles que representem nossos ideais e não esses políticos que aí estão”.
Uma ressalva apenas. Primeiro, a mídia não é o principal problema do país, e sim o que ela revela, a fotografia crua, às vezes de modo exagerado, do mundo em que vivemos. Por outro lado, esse não é o país que me representa por vários motivos e o principal deles é a inversão de valores da maioria dos seus políticos.
Se considerarmos que o negócio que mais prospera hoje no Brasil é a fabricação de tornozeleiras eletrônicas, podemos imaginar a que nível chegamos. Outro exemplo: a usina Angra 3 levou mais de 30 anos para ser construída e ainda não está pronta, mas exigiu bilhões de reais e provocou um dilema: ou se gasta mais R$ 17 bilhões para terminá-la ou R$ 12 bilhões para desativá-la. Pode-se levar a sério essas terras?
Temos um Estado inchado, perdulário, ineficiente e ineficaz, mal administrado, com governos endividados e corruptos
O quadro que resulta daí, ou que é seu produto, é que temos um Estado inchado, perdulário, ineficiente e ineficaz, mal administrado, com governos endividados e corruptos. Esse é o retrato que a mídia nos mostra: burocracia, juros altos, um emaranhado de mais de 5 mil normas tributárias e impostos abusivos. Corporativismo do funcionalismo público, peleguismo absurdo em 17 mil sindicatos, falta de atendimento à saúde, pouca atenção ao ensino fundamental, protecionismo e aumento da desigualdade social, presente aos caloteiros... Melhor parar?
O que vemos é a desesperança, um país à deriva, sem boas referências a seguir, com inversão total de valores. Se por um lado a Justiça está colocando ricos e poderosos na cadeia, por outro vemos que ela mesma tem mecanismos para tornar a prisão efêmera. Quem, em sã consciência, pode acreditar nas decisões dos doutos doutores?
As cores são trágicas: é difícil crer em um país cujas instituições perderam totalmente suas crenças e valores; onde o presidente da República amarga acusações e está prestes a ser cassado por crime de corrupção; um país onde um ex-presidente foi condenado a nove anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em apenas um dos seus cinco processos a serem julgados; e, finalmente, no mesmo país em que a ex-presidente, impedida pelo Congresso por ser incompetente e ter levado o pais à bancarrota, continua sendo convidada a dar palestras. É difícil tanto para Herman como para nós.
Do mesmo autor: Grades abertas (10 de maio de 2017)
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Esse pais, desnorteado, flerta com o abismo, depois de sair do pesadelo Lula e sua gangue do PT. No ano que vem, quando das eleições, talvez possa encontrar o mínimo de seu rumo, ao decidir para que lado iremos: o da verdadeira democracia, liberal com crescimento econômico e de ideais morais, ou da esquerda populista, retrógrada, ditatorial como a Venezuela, elogiada, não sem motivos, pela senadora petista Gleisi Hoffmann. Se a insegurança, o tráfico de drogas, os assassinatos e a corrupção tomaram conta do cotidiano (e é isso que a mídia nos mostra todo dia), a impaciência tomou conta de nossos corações e esperanças.
Nosso país é aquele em que a palavra dada valia e era cumprida; em que honra e ética eram valores guardados dentro do peito e honradas; em que homens públicos eram dignos e respeitados; em que a honestidade era valorizada. Nosso país é aquele em que as leis eram cumpridas, em que respeitávamos nossos policiais, professores, pais e familiares; em que vivíamos com maior segurança, podíamos sair tranquilos a qualquer hora do dia ou da noite; e, especialmente, em que tínhamos vontade de crescer, investir, empreender, produzir e viver, com um futuro à frente; e, sobretudo, tínhamos esperança e orgulho de nossa pátria.
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