Déficit do governo em 2023 é o pior desde a pandemia| Foto: Pixabay
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O Brasil possui hoje uma das maiores cargas tributárias do mundo. O último estudo feito pela Receita Federal, em 2020, mostrou que a arrecadação por aqui equivale a 13,5% do PIB sobre o consumo, superando a média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento), e países como Reino Unido (10,1%), Chile (10,6%) e Canadá (8,8%). A “má distribuição” faz com que os impostos tenham um peso muito maior no bolso de quem ganha menos.

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Por isso, após décadas de debate, foi aprovada uma nova reforma que tem como objetivo a simplificação do sistema tributário brasileiro, redução de litígios e distribuição equitativa da carga. Ao contrário do que se imaginava, a reforma não irá diminuir a alta carga tributária, mas dissolvê-la melhor entre os setores, reduzindo o seu montante em áreas estratégicas, como saúde, educação e comércio, e aumentando em outras, em especial a de serviços.

Foi criado o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que unifica tributos existentes sobre consumo, entre eles o ICMS, IPI, ISS, PIS/PASEP e COFINS, em apenas três novos – o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto Seletivo (IS). Adicionalmente, entra em vigor o Princípio do Destino, que direciona o imposto ao estado ou município do adquirente do bem ou serviço, eliminando a guerra fiscal entre essas entidades.

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A reforma busca diminuir litígios fiscais por meio da unificação de impostos, padronização legislativa, novas diretrizes para benefícios fiscais e a possibilidade de creditamento. Agora será possível compensar impostos da etapa anterior, reduzindo a carga tributária e o preço final. Outra boa adição é o sistema de cashback, que permite que parte do valor pago seja devolvido ao consumidor, beneficiando quem ganha menos e incentivando o consumo.

A transição será gradual e deve valer a partir de 2026, com o aumento da alíquota do IBS e da CBS, e a redução as alíquotas de ICMS e ISS, com vigência integral até 2033. Apesar de algumas boas adições, há um risco real de que a carga tributária possa aumentar, afetando primordialmente o setor de serviços. As contas públicas vêm crescendo e pouco se fala sobre redução de gastos. E, caso a nova reforma não seja suficiente para cobrir o déficit atual do governo, é possível que a conta chegue alto no futuro.

Julio Moreira é contador, com pós-graduação em Controladoria pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), empresário e sócio diretor da IDVL Contabilidade.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]