O Brasil entra em 2018 com uma pergunta: quem será o candidato do governo? Essa indagação, inconcebível em meados de 2017, tornou-se impositiva. Diante das tergiversações do PSDB e da incógnita do PT, os olhos se voltam para o Planalto. Alguns dirão: e o novo? Nada indica que o novo esteja impedido de defender a agenda do atual governo; pelo contrário, penso que a responsabilidade fiscal e as reformas serão vencedoras no ano vindouro.
Um presidente com uma popularidade tão baixa será um grande jogador nas próximas eleições? A resposta é afirmativa. Erra quem pensa que Michel Temer terminará como José Sarney em 1989. A diferença entre os dois é abissal: este levou o Brasil em direção à derrocada, aquele recuperou o Brasil do abismo. Impressão? Não, são os números! Vejamos: pense apenas nos dados sobre inflação e crescimento e faça a pergunta “como estará o Brasil em 2018?”.
Os dados que já saíram sobre 2017 são auspiciosos. Qualquer cidadão medianamente informado sabe que o crescimento do emprego acompanhará a recuperação econômica já verificada neste ano. O ambiente político deve sair da conjuntura da Lava Jato e caminhar para o da recuperação econômica. Aquele que jogar contra a política vai ter dificuldades.
O único que poderá defender o legado das reformas e da saída da crise será o candidato oficial
Portanto, o cenário que se desenha para 2018, de difícil previsão, terá a incógnita da esquerda, o autoritarismo de Bolsonaro, a novidade de sempre – representada por Marina Silva –, outras novidades que tentarão surfar na onda do novo, o candidato do PSDB e o candidato do governo. Assim, a pergunta retorna: quem será o candidato do governo?
É fato que o único que poderá defender o legado das reformas e da saída da crise será o candidato oficial. Não acredito na opção Michel Temer, mas ela também não está descartada. Enquanto o PSDB fica batendo cabeça para saber se apoia ou não a reforma da Previdência, ensimesmado em um dilema hamletiano sem fim, Michel Temer vai liderando o maior conjunto de reformas aprovado em tão pouco tempo e construindo um apoio significativo no chamado “centrão”.
Em política, ganha quem sabe fazer política, e nesse quesito o atual presidente da República é campeão. Em maio de 2017, sofreu uma armação ardilosa que quase lhe custou o mandato. Na sequência, livrou-se de duas denúncias ineptas do então procurador-geral da República. Acredito que a reforma da Previdência estaria aprovada nas duas casas do Congresso se não fosse o desatino do procurador.
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Embora o país tenha caminhado por estradas esburacadas em 2017, a política recuperou seu valor. Aqueles que trabalham neste ambiente sabem que não há opção fora da política. É ela que reequilibra o jogo. O eleito em 2018 herda um país muito melhor; a reforma da Previdência, mesmo ficando para 2018, sinaliza para um equilíbrio fiscal mais duradouro, e com ela os investimentos retornam de forma mais consistente e o desemprego declina mais rapidamente.
Não há mágica. O candidato do governo pode vir de um dos muitos partidos da base. Ainda não está claro quem será o aglutinador desse bloco, mas o horizonte político já se desenha. O PMDB, agora MDB, pode receber novos quadros, assim como o DEM e os demais partidos. A grande vantagem desse bloco é defender as reformas e as mudanças capitaneadas pelo governo. Esse candidato só não será competitivo em caso de débâcle econômica.
E o PSDB? Não quis o ônus de ser governo, pode não ter o bônus. E o PT? Terá de lidar com variáveis ainda fora do prognóstico. E Bolsonaro? É um candidato competitivo, principalmente em um ambiente de caos institucional. Portanto, não é difícil imaginar um segundo turno entre o candidato oficial e um nome da esquerda ou Bolsonaro. O fato é que os três campos, esquerda, Bolsonaro e o candidato oficial, estão no páreo. Resta saber em quais posições.
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