O transporte coletivo já foi tido como um orgulho curitibano. Curitiba era vista como modelo nacional e internacional em transporte público feito por ônibus, mas infelizmente isso não está mais ocorrendo, para frustração do cidadão da capital. O que vemos nos últimos anos é uma contínua sucessão de erros administrativos na operação dos serviços. O cotidiano do usuário é o enfrentamento de filas em pontos e terminais, esperas desnecessárias por veículos, horários estendidos, superlotação, desconforto e um sem número de transtornos e inconvenientes.
Tudo isso decorre do número reduzido de ônibus ofertados, com veículos muitas vezes inadequados; e da falta de prioridade para a expansão de vias expressas e canaletas, elevando demais a demanda em relação à oferta. Podemos, ainda, elencar outros fatores: acidentes, motoristas com sobrecarga de horário de serviço, e concorrência entre automóveis e ônibus. Esse cenário nos evoca falta de planejamento, competência gerencial e administrativa.
Pela importância dos serviços, o transporte público é, sem sombra de dúvida, um dos mais essenciais na vida dos cidadãos. Mas o sistema público de transporte local apresenta diversos problemas, de ordem institucional, técnica e operacional, e que ensejaram a degradação e perda de qualidade nos últimos anos, de forma acentuada e nociva aos usuários não só curitibanos, mas também circunvizinhos, uma vez que temos integração com os demais municípios da Região Metropolitana de Curitiba. A capital, na qualidade de município-polo da região, tem responsabilidade redobrada como poder concedente, pois extrapola sua influência além-fronteiras. O gerenciamento e a gestão da atividade são de responsabilidade precípua do município, sob pena de responsabilização administrativa.
O prefeito Gustavo Fruet assumiu meritoriamente a condição de prefeito amplamente consagrado pelas urnas. Há, portanto, expectativa por parte da população usuária sobre condições e melhorias desejadas. Acreditamos no novo presidente da Urbs, Roberto Gregorio da Silva Junior, engenheiro sem vício e sem comprometimento com o status quo ante. Dessa maneira, acreditamos que o início do mandato é o momento propício às medidas saneadoras e purgadoras dos males e vícios existentes. Conversamos sobre o setor com o prefeito Gustavo Fruet e em 8 de janeiro protocolamos todos os itens discutidos com o prefeito antes de sua posse. Depositamos nele a esperança do saneamento necessário e dos investimentos de que carecem o sistema. Só assim os passageiros voltarão a ter um transporte digno, confortável, seguro e justo, e que cause orgulho ao povo curitibano.
José Felinto é presidente da Federação Paranaense dos Usuários de Transportes Coletivos, Rodoviários, Ferroviários, Metroviários, Hidroviários e Aéreos (Fuspar) e da Confederação Nacional dos Usuários de Transportes Coletivos, Rodoviários, Ferroviários, Metroviários, Hidroviários e Aéreos (Conut).