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opinião do dia 2

Redes subterrâneas para o bem das cidades

O sistema de distribuição de energia é feito apenas por via aérea em Curitiba, enquanto que em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília avança, há algum tempo, na forma subterrânea

Mobilidade urbana é o tema da moda, agora impulsionado pelas obras para a Copa do Mundo de 2014. O conceito estabelece que as políticas públicas de transporte, trânsito e de uso e ocupação do solo devem ser elaboradas de maneira conjunta e harmoniosa. Embora muito mais amplo, o tema vem sendo tratado basicamente como se fosse relativo apenas ao deslocamento das pessoas dentro das cidades.

Há, entretanto, um aspecto específico na questão da mobilidade no qual Curitiba ainda caminha a passos lentos. Trata-se do sistema de distribuição de energia, atualmente feito apenas por via aérea na capital, enquanto que em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília avança, há algum tempo, na forma subterrânea.

Temos assistido, nas últimas semanas, a algumas consequências trágicas da opção pelo ar para distribuir energia, inclusive a morte recente de um profissional da Copel durante um temporal. Curtos-circuitos provocados por queda de árvores, mortes por eletrocução, acidentes com pipas, são diversos os registros provocados pela opção pela rede aérea, que representa maior risco de danificação dos fios por raios, ventania e outros fatores externos.

Países desenvolvidos como Estados Unidos, França, Alemanha e Áustria abandonaram há muito este tipo de rede. O nosso sistema, além de representar maior risco para o cidadão comum, é também uma agressão permanente ao meio ambiente e se transforma num fator de poluição visual.

Tecnicamente, as redes subterrâneas apresentam diversas vantagens em relação às aéreas. Promovem a redução na frequência e na gravidade dos desligamentos, reduzem o número de ligações clandestinas, possibilitam o aumento da densidade de potência distribuída, melhoram o aspecto visual das cidades, beneficiando o turismo e a vida dos habitantes; reduzem a necessidade de poda das árvores garantindo mais vida aos vegetais e hábitat para a reprodução de aves e possuem custos de manutenção reduzidos, dentre outros.

A Câmara dos Deputados, inclusive, analisa projeto que obriga a instalação de redes subterrâneas em conjuntos urbanos de reconhecido valor histórico e cultural, especialmente aqueles tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

O principal argumento utilizado pelos defensores do atual sistema se refere ao custo. Alega-se que, em função da necessidade de um perfeito isolamento dos cabos – o que não é necessário com as linhas suspensas, nas quais o ar funciona como isolante natural – o valor da obra é mais caro. Um argumento que, à primeira vista, pode parecer definitivo, mas que ao longo do tempo perde força em função da extensa gama de vantagens apresentada pela nova sistemática.

Aliás, com a expansão da cidade, a implantação de novos bairros deveria ser precedida de uma atuação conjunta entre os diversos fornecedores de serviços públicos e privados (energia, saneamento, gás, galerias pluviais, internet, televisão a cabo etc.) para que as obras, no sistema subterrâneo, fossem executadas de forma integrada.

É inconcebível que exista o buraco da prefeitura, o buraco da Copel, o buraco da Compagas e assim por diante. O poder público, embora exercido em níveis diferentes, é único e precisa estar sempre integrado no momento em que leva serviços ao cidadão. É o mínimo que se pode esperar do planejamento urbano.

O Paraná tem na Copel uma das melhores e mais lucrativas empresas de energia do país. Porque não utilizar parte do lucro da empresa em projetos de expansão da rede elétrica por meio subterrâneo em Curitiba? Nossa cidade precisa continuar a ser considerada como modelo e como Capital Ecológica do país. Nessa área estamos vários passos atrás, mas ainda há tempo para recuperação.

Stephanes Junior é deputado estadual pelo PMDB.

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