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Opinião do dia 2

Reforma política já

Há um ditado persa que reza: "Duas coisas demonstram covardia; calar-se quando é preciso falar e falar quando é preciso calar-se". Concluído o processo eleitoral, considero que este é o momento de discutir, de expor nossa opinião para que a sociedade a conheça e a julgue.

Não existe mais razão para se adiar a reforma política, que se mostra cada vez mais necessária e importante para o país. Não apenas para a classe política, mas para toda a nação, pois as regras políticas têm impacto na vida social e econômica de todos, sendo a reforma indispensável.

Começo pela eleição de vereador, em que prevalece o voto à legenda – lembrando que foram necessários 25.397 votos em Curitiba, para que um partido elegesse um vereador –, regra que precisa ser extinta. Minha opinião se baseia no fato de que praticamente ninguém vota em função do partido do candidato. A recente eleição proporcional na capital do Paraná está recheada de exemplos: teve vereador que se elegeu com pouco mais de 2.500 votos, enquanto outros, mais sufragados, perderam a eleição.

Os eleitos deveriam ser os mais votados. O atual sistema eleitoral representa um verdadeiro atentado à democracia e ao eleitor, já que não respeita o seu voto.

Hoje os candidatos escolhem o partido onde consideram ser mais fácil se eleger. Trata-se de uma questão de sobrevivência e inteligência. Se fossem os mais votados os eleitos, a escolha do partido ocorreria por afinidade ideológica e/ou administrativa. Isso fortaleceria os partidos e ajudaria a democracia, além de fazer valer o voto do eleitor.

Defendo também que o parlamentar eleito tenha candidatura nata. Sinto essa questão na pele. Sempre sou ameaçado com isso e com a expulsão por ter opinião própria e não me submeter a "pelegos".

Também é importante unificar as eleições, pois o processo é complexo, tem alto custo para o país e praticamente paralisa a administração pública a cada dois anos. Qualquer pesquisa demonstra que o brasileiro não quer eleição de dois em dois anos, num processo que desgasta a própria imagem do político.

Sou favorável ainda ao fim do suplente de senador, que ninguém sabe quem é ou o que pensa e que acaba sendo escolhido, muitas vezes, pelo apoio financeiro que pode dar à campanha. Também defendo que o segundo mais votado entre no lugar em caso de vacância do cargo no Senado. E vou mais longe: defendo a unificação do Senado e da Câmara Federal em um único parlamento federal, já que a proporcionalidade de habitantes por unidade federativa não é respeitada.

Existem ainda várias outras mudanças necessárias: o fim das coligações nas eleições proporcionais; a queda da cláusula de barreira, pela qual o partido que não atingir 5% do eleitorado deixa de ter assento no parlamento; o fim da excessiva criação de partidos, muitos deles de aluguel, como visto na Revista Época de 20 de outubro último, em uma reportagem em que um dos candidatos a prefeito de Cuiabá declara ter comprado o PRTB.

A divulgação da chamada "ficha-suja" deve virar regra, com candidatos condenados criminalmente, em segunda instância no mínimo, ficando impedidos de concorrer a cargos públicos. Tenho certeza de que tais mudanças se refletiriam em todos os aspectos da vida deste país, indubitavelmente para melhor.

Estou propondo temas para debate sem hierarquizá-los; apenas apontando questões que merecem ser discutidas e revistas. Tenho certeza de que, à exceção dos ideólogos de plantão, a população concordará comigo.

O Brasil precisa de regras boas e estáveis, que não mudem a cada eleição. Isso produzirá melhores candidatos, aperfeiçoará a democracia e fará com que a máxima filosófica de que "o poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido" se concretize de forma efetiva.

Reinhold Stephanes Junior, economista, é deputado estadual (PMDB/PR).

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