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O nome dela é Lucia Loxca. Precisou evadir-se da Síria quando a vida tornou-se impossível em sua terra natal, em virtude da guerra civil resultante da famigerada Primavera Árabe fomentada por Barack Obama – que prestou apoio logístico, financeiro e bélico a “rebeldes” locais (muitos deles membros do próprio Estado Islâmico). Caso conseguissem ascender ao poder, provavelmente iniciariam eles campanhas de dizimação de cristãos e judeus, tal qual procedeu a Irmandade Muçulmana no Egito.

Lucia saiu de Aleppo enquanto era tempo, portanto. Virou notícia dias atrás pelo fato de ter conseguido graduar-se em Arquitetura e Urbanismo – curso que já havia iniciado antes de sua diáspora – pela UFPR, em Curitiba. Mas sua trajetória de vida é ainda mais notável por outro motivo: Lucia e seu marido chegaram em 2013 a nosso país e já estão totalmente ambientados. Aprenderam a língua portuguesa (apesar de nunca sequer terem ouvido o idioma até então) e já não diferem muito dos brasileiros natos.

A simpática e aguerrida moça, que adora nosso pão de queijo e admira nossa diversidade étnica, nos ensina a mais importante lição a respeito da crise de refugiados que assola especialmente a Europa: migrar para outra nação requer assimilação dos valores e costumes locais. Caso contrário, transfigura-se em invasão. Adaptar-se à cultura do povo que faz a acolhida é requisito básico para que o imigrante sinta-se integrado, reconheça-se como parte da comunidade onde passou a residir e com ela identifique-se.

Ou seja, hábitos que sejam incompatíveis com nossas normas de convívio – tanto as positivadas em lei quanto aquelas não escritas – devem ser deixados para trás, sob o risco de estes estrangeiros acabarem por se reunir em guetos onde vigorem códigos de conduta não aceitos em sua nova casa.

Hábitos que sejam incompatíveis com nossas normas de convívio devem ser deixados para trás

Tal cenário já é uma realidade em diversos subúrbios de capitais europeias, onde a lei islâmica é imposta e nem mesmo a polícia tem mais jurisdição nestes redutos – o que acaba por reproduzir, em escala reduzida, as mazelas que motivaram a saída destas pessoas de seus países de origem.

Como Lucia é de família cristã, tal qual os sírios e libaneses que fundaram o renomado hospital de São Paulo no início do século 20, sua tarefa de abrasileirar-se foi bastante facilitada. Os valores cultivados no Ocidente ao longo dos séculos caem como uma luva para os professantes da fés cristã e judaica: a separação entre Igreja e Estado, o império da lei e a igualdade de todos perante ela, a liberdade de consciência e expressão, os direitos humanos, a democracia liberal, a valorização da vida humana e a busca pela felicidade individual.

Nas palavras de Ibn Warraq, “os valores ocidentais – que são base para seu visível sucesso político, científico, econômico e cultural – são claramente superiores a quaisquer outros valores inventados pela humanidade. Quando tais valores foram adotados por outras sociedades, tais como a japonesa ou a da Coreia do Sul, seus cidadãos hauriram benefícios”. Este ex-muçulmano, nascido na Índia e criado no Paquistão e na Inglaterra, famoso pelas suas críticas ao Alcorão e às sociedades islâmicas, ainda complementa: “No Ocidente nós somos livres para pensar o que queremos, ler o que queremos, praticar nossa religião, viver como escolhemos. A liberdade está codificada nos direitos humanos, outra magnífica criação sua, mas também, creio, um bem universal. Os direitos humanos transcendem valores locais ou étnicos, conferindo igual dignidade para todos, independentemente do gênero, etnia, preferência sexual ou religião. Ao mesmo tempo, é no Ocidente que os direitos humanos são mais respeitados. É no Ocidente que existe a emancipação das mulheres, e das minorias raciais e religiosas; dos gays e lésbicas que defendem seus direitos”.

Ou seja, a aceitação tácita de nosso modo de vida, a aderência aos nossos preceitos basilares, é benéfica tanto para os imigrantes vindos do Oriente quanto para os ocidentais. É justamente a resistência em consentir com a maneira como se relacionam os “infiéis” neste lado do globo que gera graves tensões entre habitantes locais e refugiados muçulmanos. Em alguns casos, este sentimento de aversão irá eclodir na forma de atentados terroristas, como a tragédia ocorrida em Barcelona há poucos dias.

Opinião da Gazeta: O terrorismo e os valores ocidentais (editorial de 19 de agosto de 2017)

Carlos Ramalhete:Imigração (coluna de 23 de fevereiro de 2017)

Ademais, Lucia veio para o Brasil cumprindo todos os requisitos legais para tal. O presidente americano, Donald Trump, recentemente aprovou uma reforma no sistema de imigração daquela nação, passando a basear no mérito os critérios para concessão de vistos a estrangeiros. Caso tal legislação estivesse em vigor em nosso país, Lucia certamente seria selecionada com louvor, por se tratar de uma cidadã que irá acrescentar em muito à nossa sociedade.

Adentrar um país em meio a hordas de milhões de pessoas sem qualquer identificação (sendo a maioria delas homens em “idade de combate” – entre 18 e 25 anos – oriundos de países que nem sequer estão em guerra, tornando despropositado até mesmo o uso do termo “refugiado”) não é a maneira correta de pedir asilo, afinal de contas.

Exigir que nações abram indiscriminadamente suas fronteiras é uma afronta deste projeto globalista encabeçado pela ONU e que visa tão somente gerar instabilidade e justificar mais intervenção estatal (e de entidades supranacionais, como ela própria) para resolver o caos criado por esta conjuntura. Neste processo, enriquecem ainda mais os bilionários “capitalistas de compadrio” e votos são garantidos para políticos supostamente preocupados com o sofrimento desses estrangeiros, já que os benefícios do Welfare State precisarão ser estendidos a todos os novos chegados, garantindo um eleitorado cativo.

Por isso, é necessário aplaudir e parabenizar pessoas como Lucia Loxca, que aqui chegou pela porta da frente e vem demonstrando gratidão ao povo que a acolheu (e inclusive bancou sua faculdade), absorvendo nossa cultura e tornando-se cada vez mais uma das nossas, mesmo sem deixar de lado as tradições árabes. Obrigado pelo ótimo exemplo, e الله معك (fique com Deus)!

Ricardo Bordin é analista político.
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