A regulamentação de profissões no Brasil, ou ao menos a sua tentativa, tem crescido de forma exponencial. Se antes esta preocupação estava apenas diretamente relacionada a profissões de cunho absolutamente técnico, pelas quais o autodidatismo de forma isolada não se mostrava suficiente para o exercício do ofício, atualmente o que se vê é a incessante busca de ampliação da intervenção estatal na regulação das mais simples ocupações profissionais.
Atualmente tramitam no Congresso Nacional alguns projetos de lei objetivando a regulamentação das mais diversas profissões – incluindo, por exemplo, as de fotógrafo e detetive particular –, o que tem causado um cenário de ansiedade e incerteza aos profissionais não enquadrados nas exigências estabelecidas na proposta legislativa. Por outro lado, recentemente ganharam destaque os vetos presidenciais à regulamentação das profissões de garçom e de DJ, o que funcionou como um verdadeiro afago ao coração dos oposicionistas a essa tentativa estatizante.
O Estado regulador coloca os cidadãos em situação de plena debilidade, como se fossem incapazes de realizar as suas escolhas sem a chancela estatal
O Poder Executivo acertadamente invocou a inconstitucionalidade das propostas, justificando que os projetos de lei restringiam a liberdade do exercício profissional para atividades que não representam quaisquer riscos a direitos indisponíveis da sociedade.
Em contrapartida, os defensores da regulamentação profissional defendem a efetividade da medida para assegurar direitos trabalhistas às categorias. Essa preocupação, contudo, não parece ser o principal foco dos projetos de lei editados, cujas redações propostas, na maior parte dos casos, propugna apenas por estabelecer limitações à atuação profissional, criando verdadeira reserva de mercado a uma minoria privilegiada.
Não se pode negar que a intenção de preservar direitos trabalhistas a determinadas categorias seria absolutamente nobre, desde que efetiva e verdadeira. No entanto, na prática o que se evidencia é apenas mais uma manobra de imposição da ideologia de que a intervenção estatal nas relações privadas é absolutamente necessária. O Estado regulador, agora buscando também atuar nas mais singelas relações pessoais, coloca os cidadãos em situação de plena debilidade, como se fossem incapazes de realizar as suas escolhas sem a chancela estatal.
Criar limites à atuação de profissionais que trabalhem diretamente com direitos indisponíveis dos cidadãos ou cujas atividades possam representar potencial risco de danos irreparáveis é absolutamente aceitável, pois neste caso emerge o dever absoluto do Estado em assegurar a garantia aos direitos fundamentais dos indivíduos. Contudo, ampliar desenfreadamente a regulamentação estatal a atividades profissionais isentas de riscos, em que a simples aptidão e o talento pessoal são suficientes para o seu exercício, apenas confirma o intervencionismo arraigado em nossa sociedade.
Fazer-nos acreditar que a regulamentação profissional visa a proteção a direitos trabalhistas é utópico e nos leva a acreditar que se trata de mais uma manobra para desviar o foco do real problema da nossa sociedade: a educação. Se houvesse uma educação de qualidade, os profissionais seriam capacitados e o próprio mercado de consumo realizaria uma peneira natural, filtrando os bons profissionais e elevando o nível de qualidade dos serviços prestados.
Governo se divide sobre avançar com PEC das candidaturas para não gerar desgaste com militares
Defesa de Bolsonaro planeja culpar militares por tentativa de golpe; assista ao Sem Rodeios
Lula avalia contemplar evangélicos em reforma ministerial em busca de apoio para 2026
Dino libera pagamento de emendas parlamentares com ressalvas: “caso a caso”