Há momentos em que as ideias precisam de pleonasmos que as expliquem melhor, tal como precisamos rejuvenescer a juventude. Nossa geração atual de políticos fracassou. Apesar de tirar o Brasil da ditadura, estancar a inflação, fazer a economia crescer, avançar na liberação de costumes, criar programas assistenciais, aumentar o número de universitários, apesar de tudo isto, nós caímos na corrupção, não criamos coesão nacional, nem definimos rumo para a evolução nas próximas décadas. Com isso, provocamos um sentimento de desconfiança em relação aos políticos, à política e aos partidos.
Nestas condições, a crise econômica caminha para uma forma de desagregação social visível na violência generalizada, no descrédito político, na permanência da pobreza e da concentração de renda, na descrença dos jovens, na baixa produtividade e na falta de invenção na economia.
A próxima eleição presidencial, no prazo previsto ou antecipada por força da crise política, caminha para ser uma disputa entre políticos com ideias velhas e jovens militantes sem ideias próprias.
As recentes ocupações de escolas se mostraram contrárias a pequenos gestos modernizadores na educação
A política brasileira precisa substituir seus agentes atuais por jovens políticos. A maior dificuldade para esta renovação está na divisão da juventude: os que se recusam à ação política e preferem realizar seus projetos pessoais e aqueles que militam politicamente com ideias velhas. Os primeiros olham para a frente sem ver o lado, os outros olham para trás sem perceber as mudanças em frente. Assistimos a parte dos jovens frustrados, sem motivação política; e jovens mobilizados, mas sem propostas transformadoras. As recentes ocupações de escolas se mostraram contrárias a pequenos gestos modernizadores na educação. Não tinham o objetivo de defender avanços: fim do analfabetismo, garantia de que os filhos dos pobres tivessem o direito de estudar na mesma escola dos filhos dos ricos. Ao não propor novas ideias, a juventude militante passa a impressão de que está contra a modernização sem perceber a necessidade de mudanças, e não parece sintonizada com o “espírito do tempo” das grandes transformações em marcha. Apenas segue palavras de ordem da geração anterior, que não foi capaz de apresentar ideias compatíveis com o futuro. Por outro lado, a juventude sintonizada com os avanços técnicos parece preferir cuidar de seus projetos pessoais.
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Apesar de jovens, são militantes conservadores por omissão política e pela defesa de conceitos superados. Alguns não entendem as necessidades de transformações sociais; outros reagem na contramão da rápida marcha rumo ao avanço técnico. O Brasil corre o risco de estancamento se seus jovens ficarem alheios ao progresso social ou contrários ao progresso técnico; submissos às velhas lideranças e a velhos conceitos. O futuro precisa subverter as novas gerações, renovando-as para que se façam contemporâneas.
Um dos maiores desafios dos políticos do país é atrair os jovens para a militância e subverter suas ideias para formularem novos pensamentos, novas formas de organização e de militância, livres dos velhos conservadores saudosistas de um progressismo que ficou reacionário.
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