A evolução do PIB brasileiro mostra que a economia nacional teve, em 2016, um desempenho pífio, muito aquém do seu real potencial. O PIB se retraiu 3,6% em relação a 2015, ano em que a economia já havia recuado 3,8%. Essa sequência de dois anos seguidos de queda só aconteceu no Brasil nos anos de 1930 (-2,1%) e 1931 (-3,3%) e resulta na maior recessão econômica da história. Pela primeira vez desde 1996, todos os setores registraram taxas negativas: a indústria recuou 3,8%; a agropecuária, 6,6%; e o setor de serviços, 2,7%. Os investimentos também recuaram 10,2%. Neste contexto, é difícil prever o desempenho da economia em 2017. Contudo, felizmente, há indícios de melhora.
Os economistas do mercado financeiro estimam que a inflação (IPCA) para 2017 deve girar em torno de 3,93%, ou seja, abaixo da meta estipulada pelo Banco Central, que é de 4,5%. Para 2018, a perspectiva é de que chegue a 4,36%.
Cabe lembrar que o custo social resultante desta evolução foi altíssimo: no fim do primeiro trimestre, encerrado em março de 2017, o Brasil registrou um novo patamar recorde de 14,2 milhões de pessoas desempregadas, o que corresponde a uma taxa de 13,7%. Em contrapartida, a inflação baixa abre caminho para uma redução mais acentuada da taxa de juros Selic, que é de 11,25% atualmente. Projeções indicam que ela deve ficar abaixo dos dois dígitos ao fim do ano.
Precisamos urgentemente de um ciclo virtuoso de crescimento sustentável com taxas anuais entre 5% e 7%
Na recente pesquisa publicada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), a utilização da capacidade instalada da indústria aumentou de 63% para 65% no fim de março. Foi o primeiro aumento registrado após três meses de estagnação. A pesquisa também revelou que todos os índices de expectativas evoluíram em abril na comparação com março.
Os investimentos em infraestrutura tão necessários para reduzir o famigerado “custo Brasil” estão acontecendo. Sem a presença das construtoras brasileiras envolvidas na Lava Jato e da Infraero, a nova rodada de concessões de aeroportos atraiu três grupos europeus que, juntos, administram 51 aeroportos no mundo, que passam 422 milhões de passageiros por ano. Os lances oferecidos pela alemã Fraport (que levou Fortaleza e Porto Alegre), pela francesa Vinci (que ficou com Salvador) e pela suíça Zurich (Florianópolis) alcançaram R$ 1,46 bilhão, superando em mais de 90% as ofertas mínimas fixadas pelo governo. Um claro sinal de que o Brasil está recuperando sua credibilidade no exterior.
O governo encaminhou – se bem que com algumas concessões – a reforma da Previdência e a reforma trabalhista, sem as quais não conseguiremos retomar o crescimento econômico sustentável com inflação baixa, alto nível de emprego e déficit público controlado. É essencial que tais reformas sejam aprovadas.
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Finalmente, a reforma tributária precisa ser realizada; caso contrário, não seremos competitivos em mercado algum enquanto perdurar a cavalar carga tributária que incide sobre os agentes econômicos que geram valor agregado.
As perspectivas são boas. Com a retomada da confiança dos investidores e consumidores, atingiremos um pequeno crescimento positivo do PIB no fim de 2017. Em 2018 já se projeta um PIB de 2%. Precisamos urgentemente de um ciclo virtuoso de crescimento sustentável com taxas anuais entre 5% e 7%, de modo que possamos integrar na economia os milhares de brasileiros que se qualificam para o mercado de trabalho a cada ano. Estamos no caminho certo, mas ainda muito distantes da meta.
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