É preciso estimular a competitividade no Brasil, investir na capacitação dos micro e pequenos empresários
No mês passado, o Brasil foi destaque duas vezes no mercado econômico mundial. No dia 15 de junho, os holofotes foram por causa da divulgação do Risco Brasil, que chegou a 41,2 pontos-base. Fato histórico, já que os Estados Unidos marcaram 49,7 pontos- base do mesmo índice, na mesma data. Pela primeira vez o país conseguiu tal feito. Outra conquista ressaltada foi a divulgação feita pela agência de classificação de risco Moodys elevando a nota da dívida soberana do Brasil, de Baa3, para Baa2. Dados que servem como chamariz para investidores.
Os dois destaques foram conquistados, segundo as publicações, graças ao investimento do país em recuperar o crescimento sem provocar riscos à economia. Mas para quem vive no Brasil, quem é empresário, quem vê a desindustrialização brasileira acontecendo por causa da alta taxa de juro Selic, que atualmente está em 12,25%, não consegue enxergar essas conquistas todas sendo refletivas na prática.
Nos Estados Unidos, mesmo com a crise econômica, a taxa de juros local não é alterada desde dezembro de 2008, permanecendo em 0,25%. Na Europa, continente com a economia também instável, a taxa principal de juros está em 1,25%. Não há como o Brasil se desenvolver e competir com o mercado externo diante de uma realidade como essa. Esse é o principal sintoma da desindustrialização iniciado no país. São várias empresas e indústrias, reduzindo produção, dando férias coletivas, demitindo funcionários e até mesmo fechando as portas.
Não poderia ser diferente, diante de uma realidade cambial tão desfavorável para a exportação e tão benéfica para os investidores externos, que aproveitam a elevada taxa de juros paga pelos brasileiros para agir como especuladores. O que o governo federal deveria fazer, para poupar o setor industrial no país e o crescimento dos outros setores, seria diminuir a taxa de juros e, com isso, baixar a sobrevalorização do real em relação ao dólar.
É sabido que a inflação está aumentando de forma considerável, mas não há como ignorar que os brasileiros estão sendo punidos de maneira errônea. O que deve ser feito, sim, é controlar melhor a forma como esses investidores especuladores estão se aproveitando da situação econômica do país. É só surgir qualquer problema, que eles pegam seus investimentos e vão procurar um território mais rentável. Além de deixar um rombo no país, vão obter seus lucros sem qualquer ônus compatível e ainda sairão sem pagar nada pela retirada do dinheiro.
É preciso estimular a competitividade no Brasil, investir na capacitação dos micro e pequenos empresários. A Federação das Associações Comerciais do Paraná (Faciap), além de outros órgãos, como os ligados ao Sistema S, estão fazendo a sua parte. Tem feito um trabalho de estímulo para a criação de novos produtos no mercado, para fazer a diferença. Mas de nada adianta todo esse trabalho sem o investimento do governo federal, não apenas nas micro e pequenas empresas, como nas grandes indústrias. É interessante trabalhar com união para vencer a competição com o mercado externo.
Não há como interferir na balança comercial, como alterar a realidade nacional, sem a intervenção das forças políticas. As fábricas, empresas montadoras e indústrias de produtos duráveis estão penando, enquanto isso, os investidores internacionais estão se aproveitando da situação. Essas pessoas estão sendo atraídas pela taxa de juro alto no Brasil. É preciso que esses investimentos sejam tributados com mãos fortes, para inibir as ações especulativas.
Rainer Zielasko, presidente da Federação das Associações Empresariais do Paraná (Faciap), é sócio-diretor da Fiasul, indústria têxtil.
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