Implantar um rodízio nas atividades econômicas é a alternativa sugerida pela Associação Comercial do Paraná aos seguidos abre-e-fecha que têm apresentado pouca eficácia em termos de isolamento social. Em carta dirigida às autoridades estaduais e municipais, nossa entidade propôs o fim do conceito de “essencial” e “não essencial” para que todos pudessem trabalhar de forma escalonada, o que possibilitaria uma significativa redução na circulação de pessoas.
A ACP reafirma seu compromisso com a vida. Desde o primeiro momento nossas manifestações públicas estimularam a necessidade de se conciliar o combate à pandemia com o funcionamento da economia, ou seja, a sobrevivência das empresas e a manutenção dos empregos. O comércio tem cumprido com rigor as normas sanitárias, mantendo ambientes controlados e com distanciamento.
Não se questiona a necessidade das normas restritivas. Elas são necessárias para impedir o total colapso do sistema de saúde e que pessoas morram por falta de leitos em hospitais.
Diante da constatação de que os cuidados serão necessários ainda por muitos meses, entendemos que é possível encontrar um meio termo entre o “libera geral” e o “fecha tudo”. Temos de tentar seguir por um caminho do meio para conciliarmos saúde e economia e evitarmos uma quebradeira geral e desemprego em massa.
A ideia é que todos possam trabalhar com menos horas presenciais: lojas de rua das 12 às 17 horas, e shoppings das 15 às 20 horas. Os horários dos supermercados poderiam ser limitados ao período entre 8 e 14 horas, liberando-se a todos os segmentos a venda por delivery e aplicativos.
Cada estabelecimento abriria num dia e fecharia no outro, incluindo nesta escala os chamados essenciais. Quem sai para trabalhar num dia fica em casa no dia seguinte, e desta forma cada cidadão estaria cumprindo um rígido isolamento durante 15 dias ao mês.
É preciso que o poder público sinalize aos empreendedores dos chamados negócios “não essenciais” que seu empreendimento não é descartável. Estes, hoje, são as maiores vítimas, pois em nome da saúde estão trancafiados em casa, impedidos de exercer seu ofício. Sem faturamento, precisam se desdobrar para pagar os salários dos seus colaboradores, honrar os compromissos com fornecedores, recolher impostos etc. Para os aluguéis, resta implorar por descontos junto aos proprietários.
Em nome da pandemia, escolheram o segmento lojista e o rifaram. Varejistas ficaram com o ônus de empreender em um negócio desnecessário sob a ótica das autoridades municipais e estaduais. Assim como os varejistas, autônomos vivem esta dramática situação e perspectivas difíceis no curto e médio prazos.
Entendemos que, se a cidade apresenta pequeno índice de pessoas em isolamento, é porque a necessidade de trabalho e produção fala mais alto que a própria vontade da pessoa. Todos precisam sair em busca de sustento e renda para a sua família. E mais: o lockdown deveria ser feito para as pessoas e não para as empresas. Que se faça uma campanha séria, de impacto, advertindo que quem desrespeitar as regras poderá infectar-se e que não tem leito hospitalar para todos. O livre arbítrio de cada um não significa direito de colocar a saúde do outro em risco.
Camilo Turmina é presidente da Associação Comercial do Paraná.
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