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Saúde mental no fim de ano: expectativas, exageros e autocuidado

(Foto: Eugene Zhyvchik/Unsplash)

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O fim do ano costuma evocar uma combinação de sentimentos intensos. Para muitos, é um momento de celebração, renovação e confraternização. Para outros, é uma época de cobranças, revisões de metas e reflexões que podem gerar ansiedade, estresse e até mesmo tristeza. Não é raro que as festas de fim de ano tragam à tona sentimentos ambivalentes, em que o peso das expectativas se mistura à euforia das celebrações.

Uma das grandes armadilhas desse período é o excesso de cobranças, tanto externas quanto internas. A pressão para concluir o ano "com chave de ouro", atingir resultados e cumprir metas pode gerar frustração, especialmente quando nos deparamos com objetivos que ficaram pelo caminho. Contudo, é fundamental lembrar que o progresso não se limita a grandes conquistas. Muitas vezes, os pequenos passos e os aprendizados ao longo do caminho são o que realmente constroem uma jornada significativa.

O fim do ano não precisa ser um período de cobranças ou de extremos. Com ajustes nas expectativas, cuidado nas confraternizações e um olhar mais generoso para nós mesmos e para os outros, podemos transformar essa época em um momento genuíno de renovação

Ao revisar o ano, é importante praticar a autocompaixão. Celebrar os avanços, independentemente de seu tamanho, e reconhecer as dificuldades superadas é essencial para ajustar expectativas para o ano que vem. Que tal transformar as metas de 2024 em objetivos que reflitam não apenas o desejo de alcançar algo, mas também de respeitar limites e promover o bem-estar?

Por outro lado, as festas de fim de ano trazem consigo o risco dos exageros. Seja no consumo de álcool, na alimentação ou mesmo na agenda social, a falta de limites pode impactar não apenas a saúde física, mas também a mental. Esse é um desafio ainda maior para aqueles que enfrentam dependência química. Para essas pessoas, o período pode ser especialmente sensível, já que as festas podem ser gatilhos para recaídas.

Nesse contexto, o apoio de familiares, amigos e grupos especializados é indispensável. Redes de suporte, como Alcoólicos Anônimos ou Narcóticos Anônimos, desempenham um papel crucial, mas o acolhimento dentro do ambiente familiar também faz toda a diferença. Muitas vezes, o simples ato de estar presente, sem julgamentos, já é um grande alívio para quem enfrenta esses desafios.

Evitar exageros, porém, é uma responsabilidade que todos devemos compartilhar. Definir limites claros para as celebrações, evitar excessos no consumo de substâncias e manter práticas de autocuidado são passos fundamentais para passar por esse período de forma saudável.

Autocuidado, aliás, não é um luxo, mas uma necessidade. Reservar momentos para si mesmo em meio às demandas e celebrações do fim de ano pode ser o diferencial para manter o equilíbrio emocional. Atividades simples, como uma caminhada ao ar livre, um momento de meditação ou até mesmo uma pausa para respirar profundamente, ajudam a aliviar o estresse acumulado.

Também é importante falar abertamente sobre saúde mental, especialmente nesta época do ano. O tabu em torno do tema muitas vezes impede que as pessoas busquem ajuda quando precisam. Promover conversas francas e acolhedoras pode ser transformador, tanto para quem fala quanto para quem escuta.

O fim do ano não precisa ser um período de cobranças ou de extremos. Com ajustes nas expectativas, cuidado nas confraternizações e um olhar mais generoso para nós mesmos e para os outros, podemos transformar essa época em um momento genuíno de renovação. Afinal, a verdadeira celebração está em cuidar do que temos de mais valioso: nossa saúde mental e nossos laços de afeto.

Guilherme Góis é psiquiatra e diretor técnico da Cadmo - Grupo ViV.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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