Volta as aulas na Escola Municipal Prof. Brandão, na Avenida João Gualberto no Juvevê. Imagem ilustrativa.| Foto: ATILA ALBERTI/TRIBUNA DO PARANA
Ouça este conteúdo

As escolas particulares chegaram ao seu limite. E o ultrapassaram. Muitas não conseguiram chegar ao limite e fecharam as portas. Triste fim para quem sonhou em oferecer serviços educacionais de qualidade para uma nação que tanto precisa disso. Diante do posicionamento demagógico e inconsequente de governos que tratam a educação como tratam os demais segmentos da economia (ou ainda pior), vejo que teremos ainda muito mais sofrimento no futuro de nosso país.

CARREGANDO :)

Com mais de 40 anos na área da comunicação educacional e como conhecedor da falta de comprometimento com o bem comum que caracteriza os nossos políticos, eu já poderia emitir uma opinião consistente sobre os inesperados decretos emitidos por alguns gestores públicos que, tardiamente, posam de líderes atentos e preocupados. Mas não é assim que desejo me expressar. Quero falar como pai de um garoto que inicia a jornada educacional com 6 anos de idade, depois de um ano cheio de esperanças, que vinham e voltavam para que as aulas retomassem. E, como pai, acompanho a angústia de crianças e famílias que estão buscando médicos e psicólogos que possam ajudar a buscar a saúde emocional para os filhos em revolta, às mães em desespero com os filhos em casa e os pais que também já se revoltam, até mesmo com as escolas e suas mensalidades.

Quero falar como diretor do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe-PR), que está acompanhando com apreensão o grande mal que, além da trágica pandemia, os governos estão trazendo às escolas, aos gestores educacionais, aos professores e colaboradores em geral da área educacional particular que seguem na procura de um norte para a sustentabilidade da escola, para a sobrevivência do emprego, na busca de alternativas para servir à educação tão desejada. Não se trata da “pandemia”, trata-se da demagogia irresponsável, eleitoreira e inconsequente.

Publicidade

As escolas particulares se prepararam para a retomada das aulas com toda a responsabilidade. Investiram em equipamentos para adequação de ambientes, colaboradores e professores, comunicação de forma didática e informações para orientar o convívio no ambiente educacional diante do vírus. E foram além dos protocolos estabelecidos porque acreditam que, para ser uma instituição educacional, não poderá ser pouco o comprometimento.

A responsabilidade de uma instituição educacional vai além de um mandato eleitoral. A educação é para a vida inteira. As pausas no processo educacional podem ter danos imensuráveis, pois, além dos conteúdos das matérias escolares, existe a parte mais importante para uma criança: a autoestima, a convivência, o amor ao próximo e o próprio ensino de valores como justiça, solidariedade, respeito, ética e, principalmente, o ensino das noções básicas da cidadania e do bem comum, valores que são ensinados e praticados na convivência social, no conflito das ideias e no diálogo escolar, e que são tão necessários para aqueles que lideram setores públicos e tomam decisões como essa, que afetam as escolas públicas e particulares sobremaneira.

Mais do que em qualquer tempo, nossos filhos precisam das escolas de qualidade. Lá, estarão mais protegidos do que em qualquer lugar público – e até mesmo do que em nossas casas, no convívio de familiares que entram e saem para suprir necessidades. E as escolas precisam do bom senso, responsabilidade e bom juízo dos governantes, em vez de nefastas decisões tomadas em benefício único de suas imagens e interesses de sobrevivência nas próximas eleições. E em total desfavor à qualidade da educação para os nossos filhos e o futuro de nosso país.

Rogério Mainardes é diretor de Marketing do Sinepe-PR, consultor de Marketing e Comunicação do Curso Positivo, empresário e diretor da COM/M Educação, diretor da ZAP – Ziraldo Artes Produções, palestrante e professor em cursos de pós-graduação e  coordenador da Clínica de Marketing Educacional do Programa Escola Segura. 

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
Publicidade