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Quase sempre que acompanho discussões em portais especializados, revistas do setor e redes sociais sobre a educação que esperamos para nossas crianças e adolescentes, vejo circularem mensagens dizendo que o dever da escola deveria se limitar ao desenvolvimento cognitivo (acadêmico) das disciplinas regulares. Talvez isso fosse verdade até o fim do século passado, mas me parece que não é mais verdade nesse nosso século 21.

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Atualmente, o que me parece indiscutível é o fato de que, entre as atuais (e novas) funções da escola, está a de preparar as pessoas para um novo mundo dinâmico, fluído, global e incerto, tanto na vida em sociedade quanto no mercado de trabalho. Porque se a sociedade e o mundo mudam, a escola é orientada a mudar.

A capacidade de criar estratégias de aprendizagem pessoais estará entre as habilidades mais demandadas pela sociedade

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No final de 2017, a Pearson, a Universidade de Oxford e a Nesta divulgaram uma pesquisa que analisou como o mercado de trabalho será impactado por grandes tendências como avanço tecnológico, globalização e incerteza política até 2030. As conclusões nos mostram que, em um futuro em que se espera que várias profissões desapareçam e que muitas outras – que sequer sabemos quais serão – surjam no lugar, é fundamental que a escola esteja preparada para ajudar as pessoas a desenvolverem as habilidades necessárias para terem sucesso em suas vidas profissionais. A formação atitudinal ganha importância frente à proposta de ensino focada exclusivamente em um pacote de conteúdos que não sabemos quanto sentido farão para as profissões de amanhã.

Para dar um exemplo: a pesquisa concluiu que, em 2030, a capacidade de criar estratégias de aprendizagem pessoais estará entre as habilidades mais demandadas pela sociedade e pelo mercado de trabalho. Isso significa que o mercado do futuro precisará que os profissionais sejam capazes de entender o impacto das informações para a resolução de problemas ou a tomada de decisões, através de estratégias pessoais de aprendizagem autônomas. A resolução de problemas complexos, aliás, é outra habilidade que estará em alta, bem como a originalidade – a capacidade de ter ideias incomuns e inteligentes para solucionar problemas de maneira criativa será valorizada em ocupações ligadas a áreas como direito, comércio, saúde e finanças.

Leia também: Pobreza e educação (artigo de José Pio Martins, publicado em 25 de outubro de 2018)

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Se reconhecemos o papel da escola de preparar as próximas gerações de cidadãos e trabalhadores, não podemos fechar os olhos para o fato de que ela tem o dever de fazer com que seus alunos aprendam essas habilidades. Daí a necessidade de discutirmos o que precisamos fazer no presente para garantir a educação do futuro.

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Juliano Costa é vice-presidente de Educação da Pearson.