Força Nacional é convocada para ajudar na segurança do Rio Grande do Sul.| Foto: Tom Costa/MJSP
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Situações de desastre natural, como as recentes enchentes no Rio Grande do Sul, destacam-se pela sua imprevisibilidade e natureza esporádica, tornando a preparação um árduo desafio para as autoridades e comunidades. Em momentos críticos como esses, parece que todos têm uma solução em mente ou uma visão de como a atuação estatal deveria ser realizada. Contudo, a realidade frequentemente revela que encontrar soluções eficazes não é uma tarefa simples. A complexidade de gerenciar respostas a eventos tão devastadores exige não apenas planejamento antecipado, mas também uma capacidade adaptativa para enfrentar condições que muitas vezes mudam rapidamente.

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Um dos desafios mais críticos destacados nas enchentes do Rio Grande do Sul é a segurança pública. Nas áreas inundadas, há relatos disseminados de saques às residências e estabelecimentos comerciais, exacerbando a vulnerabilidade das comunidades já gravemente impactadas. Adicionalmente, a violência em abrigos temporários tem aumentado a tensão entre os desalojados, que se encontram em uma situação bastante vulnerável. Esse ambiente tenso não apenas agrava o sofrimento dos afetados, mas também desencoraja e afasta os voluntários, essenciais no esforço de resposta e recuperação. Esses problemas enfrentados pelo estado refletem os desafios observados durante o furacão Katrina, onde a incapacidade de manter a ordem pública e a segurança contribuiu significativamente para a escalada da crise humanitária. Assim, aprender com essas experiências passadas torna-se fundamental para melhorar as estratégias de gestão de desastres e garantir a segurança e o bem-estar de todos os envolvidos.

É crucial que o governo federal amplie o engajamento das forças nacionais de segurança como um elemento fundamental na estratégia de resposta aos desastres naturais.

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Durante o furacão Katrina, a segurança pública emergiu como um dos problemas mais graves enfrentados pelas autoridades. As falhas na comunicação e coordenação entre agências resultaram em uma resposta lenta e muitas vezes desorganizada, que não conseguiu prevenir ou conter eficazmente os saques e a violência. A incapacidade de manter a lei e a ordem foi exacerbada pela falta de preparação adequada para um desastre de tal magnitude, onde muitos agentes de segurança foram, eles próprios, vítimas do furacão e, portanto, incapazes de atuar. A falha em estabelecer uma presença de segurança eficaz levou ao caos generalizado em Nova Orleans.

Após as águas baixarem no rescaldo do furacão Katrina, os verdadeiros desafios começaram a emergir, destacando-se os graves problemas de segurança pública que se intensificaram no período subsequente. A devastação não apenas desestruturou a vida cotidiana, mas também pavimentou o caminho para um aumento significativo em crimes como roubos, saques, agressões e até assassinatos. A falta de lei e ordem, intensificada pela vulnerabilidade e desespero da população, criou um ambiente fértil para atividades criminosas. Distúrbios civis e motins tornaram-se frequentes, muitas vezes incitados pela escassez de recursos básicos e pela frustração com a resposta governamental lenta e inadequada.

Além disso, gangues existentes capitalizaram o caos para expandir seu poder e influência, recrutando novos membros e conquistando territórios adicionais. Esses fatores contribuíram para um ambiente de insegurança prolongada, complicando ainda mais os esforços de recuperação e reconstrução. Problemas penitenciários, como superlotação e fugas, exacerbaram ainda mais a situação, com presídios enfrentando condições extremamente precárias. A escassez de recursos básicos, como alimentos, água e medicamentos, apenas aumentou a tensão e o conflito entre uma população já desesperada, testando os limites das forças de segurança já exaustas.

Em face dos desafios impostos pelas recentes enchentes no Rio Grande do Sul e as lições aprendidas com eventos como o furacão Katrina, torna-se essencial reconsiderar a estratégia de resposta a desastres no Brasil, especialmente no que tange à segurança pública. Uma medida promissora seria o deslocamento massivo das Forças Armadas para auxiliar a reestabelecera ordem e acelerar o processo de recuperação e reconstrução nas áreas afetadas.

Com um contingente de 360 mil militares disponíveis e sem o compromisso imediato de engajamento em conflitos bélicos, o Brasil possui uma capacidade substancial para mobilizar um volume considerável de recursos humanos em situações de emergência. A experiência bem-sucedida da intervenção federal no Rio de Janeiro em 2018, que contou com o deslocamento de 8.500 militares e 1.500 agentes da Força Nacional, demonstrando que é possível deslocar um contingente grande e ter uma atuação capaz de garantir a ordem pública, ainda que temporariamente.

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Com apenas 220 agentes da Força Nacional designados para o Rio Grande do Sul, torna-se claro que é essencial intensificar a presença das forças de segurança para lidar efetivamente com as consequências das recentes enchentes. Esse aumento na força de segurança não só contribuiria significativamente para o restabelecimento da ordem, mas também mitigaria o sofrimento dos afetados durante o período crítico de recuperação pós desastre. Portanto, é crucial que o governo federal amplie o engajamento das forças nacionais de segurança como um elemento fundamental na estratégia de resposta aos desastres naturais. Essa medida não só resolveria problemas de segurança e logística no curto prazo, mas também fortaleceria a capacidade do Estado de proteger e atender a população em situações de fragilidade e grave emergência.

Cristiano Oliveira é economista e professor da Universidade Federal do Rio Grande.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]