Rodízio de água em Curitiba e região.| Foto: Jonathan Campos/Arquivo/Gazeta do Povo
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Se falassem, quatro anos atrás, que o Paraná enfrentaria uma grave seca como a que estamos passando, ninguém acreditaria. Mas, infelizmente, desde 2019 a situação de emergência hídrica é um alarde no estado paranaense. O racionamento em Curitiba já virou rotina. No Oeste do estado, produtores rurais relatam o abandono das lavouras e da criação de animais, pois a seca é tanta que precisam decidir entre manter sua produção ou reservar água para o consumo da família.

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Com as chuvas abaixo da média, os rios e poços utilizados para abastecimento estão secando e as cidades estão sendo forçadas a se adequarem ao sistema de rodízio de água.

A Sanepar, sociedade de economia mista que é responsável pelo abastecimento e tratamento de esgoto de várias cidades paranaenses, age como uma empresa privada que não investe em pesquisa, que não cria novas estruturas de captação de água, armazenamento e de programas ambientais significativos que estimulem ações sustentáveis.

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E, para piorar, não temos apoio federal. Enfrentamos, conjuntamente com outros estados, a pior seca do Brasil em 91 anos. São quase quatro anos em que o governo Bolsonaro não apresenta um plano de investimento em energias renováveis. Ele simplesmente cortou investimentos, como aconteceu com o PAC, que tinha previsão de obras de energia renovável – eólica e solar – e investimentos em curso para não impactar o meio ambiente e dar mais potência às hidrelétricas já existentes.

Vale lembrar o quanto este desgoverno estimulou queimadas irresponsáveis e criminosas que afetaram o meio ambiente e impactaram nos ciclos das chuvas. Quem não se lembra das inúmeras ações do ministro Ricardo Salles? Em 2021, o Brasil apresentou recordes de desmatamento com a política do afrouxamento de regras. Agora vivemos em alarde com medo de um grande apagão no país.

É válido frisar, também, que a discussão da crise hídrica abarca temas sociais e econômicos, pois, com o desequilíbrio ambiental, quem pagará as contas mais caras de água e energia será o povo brasileiro. Da mesma forma, ele arcará com o desemprego nos ombros, já que o país estará menos competitivo no mercado. Que sejamos fortes para enfrentarmos esses retrocessos e mais conscientes em 2022! Que a seca nos olhos e a sede na boca nos façam recordar que o Brasil já teve seus anos de glória e consciência.

*Zeca Dirceu é deputado federal (PT-PR).