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 | Felipe Lima
| Foto: Felipe Lima

No início de 2017, o Senado aprovou e o presidente Michel Temer sancionou a reforma do ensino médio. Agora os professores, os alunos e a sociedade precisam aprofundar suas leituras e compreender o melhor caminho a seguir. É relevante considerar se as questões apontadas na reforma de fato atendem as necessidades e realidades dos alunos brasileiros.

Quando o aluno chega à escola, leva consigo sua bagagem prévia familiar, social e emocional, e por esta razão deve-se considerar o aluno como um ser pleno e não fragmentado; desta maneira, não é possível olhar somente as questões sistemáticas de conteúdo e mercado de trabalho. Nesta perspectiva, é preciso realizar uma reflexão aprofundada do que de fato é relevante para o aluno e para o ensino médio.

Se o foco maior continuar nas disciplinas em si, mas a forma não for modificada, talvez continuemos no mesmo espaço

Um ensino que construa valores

Muitas das situações de aprendizagem e de desafios vividos pelos alunos em sala de aula podem ser generalizados posteriormente para um contexto maior

Leia o artigo de Cinthia Zaniolo Renaux, coordenadora de Ensino Médio no Colégio Sion

Qual será o objetivo de modificar a carga horária de 800 para 1,4 mil horas? Ou de considerar disciplinas obrigatórias Português, Matemática, Inglês, Artes, Educação Física, Filosofia e Sociologia e ter, como optativas, as cinco áreas de linguagens, ciências da natureza, ciências humanas, formação técnica e profissional?

A reforma do ensino médio trata do ensino técnico e profissionalizante, e aqui é relevante compreender como será realizada a formação do aluno que optar por essas modalidades, pois a educação precisa repensar a forma, a maneira, a metodologia de como ensinar, mediar, conduzir as disciplinas e os conteúdos para que o aluno saiba fazer uma relação da teoria com prática no seu dia a dia, e não apenas atenda as necessidades de uma fábrica ou uma empresa.

É de suma importância buscar a objetividade e a clareza do que está sendo traçado na BNCC. Se o foco maior continuar nas disciplinas em si, mas a forma não for modificada, talvez continuemos no mesmo espaço. Desta maneira, é válido pensar um formato em que o aluno possa ir além de suas possibilidades e saiba que, independentemente da sua realidade, existe uma possibilidade, um futuro a ser descoberto após o ensino médio.

A maturidade dos alunos neste momento deve ser considerada para tomar decisões tão relevantes para sua carreira. É preciso analisar que alguns padrões já são utilizados nos Estados Unidos e Europa, mas as crianças são inseridas na escola e crescem com essa concepção de autonomia e escolha. Existe um trabalho na escola e na família para que esta dinâmica aconteça. No Brasil, como os nossos alunos serão orientados?

Destaque-se a importância de o Ministério da Educação e o governo federal pensarem e refletirem de maneira consciente sobre os seres humanos que sentam nas cadeiras de uma escola com objetivos traçados e esperança de um futuro promissor; ou, ainda, aqueles que chegam sem um objetivo, mas que a escola toma pra si, construindo um trabalho eficaz com o intuito de mostrar alternativas, caminhos e possibilidades para todos – um direito dos alunos que consta nas Leis de Diretrizes e Bases.

Ana Regina Caminha Braga é escritora, psicopedagoga e especialista em educação especial e em gestão escolar.
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