Agora que uma grande maioria de chefes de Estado ou governo do mundo todo aprovou na ONU a nova agenda de desenvolvimento sustentável para os próximos 15 anos, convém recordar a definição da Comissão Brundtland da ONU, feita em 1990: desenvolvimento sustentável é aquele capaz de satisfazer as necessidades atuais sem comprometer os recursos e possibilidades das gerações futuras.

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Com frequência se coloca a ênfase no meio ambiente e nos meios materiais, o que é lógico. Mas não podemos nos esquecer de que mais importantes são os recursos humanos, e que devemos começar assegurando as capacidades dos jovens, precisamente os integrantes das gerações futuras. Pelo aspecto do custo-benefício, portanto, faz sentido para um país focar na juventude.

A situação atual em boa parte do mundo é a de uma sociedade incapaz de integrar os jovens, com crescente desemprego ou subemprego juvenil. Assim, é cada vez mais comum que filhos maiores de idade sigam morando com os pais sem colaborar com os custos da casa, até o ponto em que nunca tantos jovens dependeram dos pais por tanto tempo. Nos Estados Unidos, quatro em cada dez pais da chamada “geração sanduíche” ainda pagam pelo menos parte das despesas de filhos maiores de idade. Na Europa, uma pesquisa da Eurostat mostra que quase metade dos menores de 35 anos vive com os pais.

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O “solo social” pressupõe o “solo familiar”

Esses países criaram um círculo vicioso no qual essa incapacidade de integrar os jovens impede que eles se emancipem e formem uma família quando queiram fazê-lo. Consequentemente, fica limitada tanto a colaboração de que a sociedade precisa por parte das novas gerações e para a qual investiu em sua educação, quanto a possibilidade de ter os filhos desejados, imprescindíveis para a manutenção das aposentadorias e da sociedade como um todo.

A solução só pode vir de uma ação tripla. Em primeiro lugar, a sociedade tem de criar o ambiente necessário para os jovens que desejam encontrar o melhor lugar para desenvolver suas capacidades e se tornar membros ativos da comunidade. Em segundo lugar, o sistema educacional deve assegurar a promoção dos valores humanos e promover um alto nível de exigência, o esforço acadêmico e a confiança mútua nas relações, de modo que os jovens possam confiar em si mesmos e tirar proveito de suas qualidades. Por último, é preciso colaborar com as famílias, ajudando os pais a desenvolver um projeto estável que permita aos filhos amadurecer e ter aquela preparação para o trabalho que só podem adquirir no lar.

Este último item é o mais importante, porque os dois outros aspectos só podem ser levados a cabo total ou parcialmente à medida que as famílias colaborem. O sistema social pode ajudar, o sistema educacional pode ajudar, mas só as famílias em geral – e os pais em particular – podem oferecer esse fundamento sobre o qual todo o resto se constrói. Em outras palavras, o “solo social” pressupõe o “solo familiar”.

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Ignacio Socías é diretor de Relações Internacionais da Federação Internacional para o Desenvolvimento da Família, órgão consultivo da ONU. Tradução: Marcio Antonio Campos.