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A maioria das notícias abordam a Inteligência Artificial (IA) de forma um pouco distorcida e até sensacionalista, efeito de como o tema é retratado nos cinemas. Filmes como 2001: Uma Odisseia no Espaço, Exterminador do Futuro, Ex-Machina, Interestelar e Megan, por exemplo, buscam mostrar que robôs ou humanoides povoarão a Terra, para o bem ou para o mal, alguns apresentados como uma ameaça real à humanidade.

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Pode-se dizer que não estamos longe disso acontecer, mas de forma bastante diferente do que está mencionado acima. Hoje, já é possível observar que parte do conceito sobre robôs está sendo utilizada nos algoritmos de IA generativa, sistema presente em quase todos os celulares, laptops e TVs. Isso não nasceu da noite para o dia. São quase setenta anos desde a primeira reunião de cientistas de IA na Universidade de Dartmouth, nos EUA. De lá para cá, a IA obteve avanços e declínios em suas aplicações, tanto na parte teórica quanto na prática. Com isso, muitos dos desafios da IA no passado estavam relacionados ao poder computacional da época.

Afinal, a IA ameaça a humanidade a ponto de exterminá-la e assumir o controle do planeta? Acho isso muito improvável de acontecer.

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Hoje, a tecnologia consegue alcançar mais metas de inovação com os mecanismos atuais do que no passado, e os impactos são bastante significativos na sociedade. De certa forma, é natural o choque cultural em determinadas áreas profissionais. A solução ainda é ser resiliente para aceitar e se adaptar para extrair o melhor que a tecnologia proporciona naquela situação.

Afinal, a IA ameaça a humanidade a ponto de exterminá-la e assumir o controle do planeta? Acho isso muito improvável de acontecer. O estudo intitulado o jogo da imitação, de Allan Turing, demonstra que o caminho evolutivo da IA não é se tornar um ser humano idêntico na forma de pensar e agir (um substituto com consciência), mas aprender a inferir como máquina, dentro das suas limitações, e tomar decisões conforme as regras preestabelecidas com modelos de probabilidades.

No Japão, o Fugaku, por exemplo, é o computador mais potente hoje e tem a ambição de resolver todos os problemas do mundo. Porém, ainda é necessário que sejam inseridas informações para armazenar em banco de dados e, com o algoritmo de probabilidade, deduzir e criar previsões para algum tipo de problema.

Um outro exemplo são os humanoides, aqueles que demonstram emoções. Embora existam algoritmos de IA que conseguem imitar expressões como alegria, medo ou surpresa, ainda é bastante diferente da capacidade de pensar como em um ser humano, pois a percepção humana está além da compreensão mundana. É a partir do “olho no olho”, por exemplo, que você consegue “ler o pensamento” da outra pessoa ou sentir que algo bom ou ruim poderá acontecer naquele momento. Algo, ainda, inexplicável para a ciência.

Por isso, a IA generativa busca, com modelos de redes neurais artificiais, aplicar o aprendizado de máquina a partir de uma base de dados consistente, tipo o ChatGPT ou DALL-E, mesmo assim não são ameaças ao ser humano. Cientistas e cineastas tentam nos mostrar o lado fascinante da IA com os seus desafios e oportunidades. Eu prefiro que a IA seja um instrumento capaz de apoiar o ser humano nas tomadas de decisões, deixando de lado as cognições neurais e emotivas para as pessoas. Cabe a elas aprenderem a entender os seus próprios sentimentos.

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Rodrigo Cardoso Silva é professor doutor da Faculdade de Computação e Informática (FCI) na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), assessor Especialista no NIC.br e CGI.br, Doutor em Ciência da Computação e Mestre em Direito Internacional e Membro da Internet Society Capítulo Brasil e da Associação Brasileira de Estudos de Defesa.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]