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Hemobrás
Os hemoderivados são produzidos a partir das doações de sangue.| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

O Setembro Verde nos recorda, anualmente, a importância da doação de órgãos para salvar vidas. No Paraná, 2.459 pessoas aguardam por uma doação. Felizmente, nosso estado lidera – há alguns anos – a lista dos que mais realizam o procedimento no país. E temos a satisfação de contribuir com boa parte desses transplantes no Hospital Angelina Caron (HAC), instituição líder em transplantes no Paraná.

Mas a doação de órgãos ainda é um tabu na sociedade e os números têm muito o que melhorar diante da enorme demanda por parte de pacientes que têm nesse complexo procedimento sua única chance de uma vida mais saudável e produtiva.

Ao todo, nosso estado registrou 33 doações por milhão de população (pmp) em 2021 – sendo que a média do Brasil é pouco mais que um terço disso, na faixa de 13,7 pmp. Neste ano, foram 213 doações efetivas, que resultaram em 353 transplantes de órgãos e 365 transplantes de córneas. Os resultados são reflexo das ações para a conscientização e reflexão das famílias. Precisamos continuar sensibilizando a população para a necessidade da doação de órgãos e mostrar quantas vidas podem mudar.

Brasil tem o maior sistema público de transplantes do mundo. Atualmente, 96% dos procedimentos de todo o país são financiados pelo SUS.

2021 traz também dois marcos dignos de comemoração no Hospital Angelina Caron: há dez anos, o HAC realizava o primeiro transplante de fígado no país com dois doadores vivos adultos. E, apenas duas décadas mais tarde, ultrapassamos a marca de 600 transplantes hepáticos realizados pelo nosso Serviço de Transplantes. Esse desempenho, que reputamos vitorioso, apesar de todas as dificuldades, é resultado das ações continuadas contra a desinformação e para dissipar alguns temores que ainda envolvem a doação de órgãos, principalmente de familiares de pessoas falecidas que são potenciais doadoras.

A Secretaria de Estado da Saúde e o Sistema Estadual de Transplantes reforçam a importância da conscientização da doação de órgãos por meio da campanha Setembro Verde. Mas, ao longo do ano, o trabalho de captação não para. Após a morte encefálica de um paciente, as equipes envolvidas no processo procuram os familiares e explicam sobre a possibilidade da doação dos órgãos. Infelizmente, apesar do crescimento no número de doações, a quantidade de negativas continua alta. Por isso, a conversa com a família é fundamental para reduzir a rejeição.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil tem o maior sistema público de transplantes do mundo. Atualmente, 96% dos procedimentos de todo o país são financiados pelo SUS. Em números absolutos, o Brasil é o segundo maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Qualquer pessoa pode doar órgãos. Para doadores vivos, é preciso concordância e que o procedimento não prejudique sua saúde. Pessoas em vida podem doar um dos rins, parte do fígado, do pulmão ou da medula óssea. Já para doadores falecidos é necessário que seja constatada morte encefálica e que ocorra o consentimento da família. Esse consentimento será facilitado se em vida a pessoa já tiver declarado amplamente o seu desejo de ser um doador. Por isso, essa é uma providência que todos nós podemos adotar, em benefício da saúde e da vida do nosso próximo.

João Nicoluzzi é médico e responsável pelo Serviço de Transplantes do Hospital Angelina Caron.

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