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Opinião do dia 2

Sinais de agravamento da recessão

Os radares econômicos vêm captando sinais inequívocos de aprofundamento da 1ª recessão generalizada da era da globalização produtiva, comercial e financeira. De fato, a pronunciada perda de ímpeto de crescimento da economia chinesa confirma a interpretação generalizada, nos meios econômicos internacionais, de que os incentivos anunciados em novembro e dezembro de 2008, pelo governo daquele país, poderiam não compensar a propensão de um ajuste contracionista manifestada pelos mercados mundiais, por meio da desaceleração dos níveis de consumo e seus desdobramentos negativos sobre as cadeias globais de fornecimento de máquinas e equipamentos e matérias-primas agrícolas, agroindustriais, minerais e metálicas.

Ressalte-se que, enquanto China e Europa ainda ostentam margens apreciáveis para maiores abrandamentos das restrições monetárias, os espaços para novas rodadas de rebaixamento dos juros são limitados nos Estados Unidos e no Japão, sobrando apenas o vetor fiscal da diminuição de impostos e ampliação de dispêndios públicos correntes. Frise-se que o Japão injetou quase US$ 700 bilhões no mercado desde agosto de 2008, sem qualquer êxito.

A agudização do quadro recessivo é evidenciada pela comercialização de automóveis nos EUA, que despencou pelo 14º mês consecutivo em dezembro de 2008, com quedas de 45% para a General Motors (GM), a maior desde 1970, 35% para a Chrysler, 30% para a Ford, e 23% para a japonesa Toyota. Só em 2008, os preços das ações da GM caíram 81%.

Na mesma linha, as projeções do mercado, para o desempenho econômico global em 2009, são bastante desanimadoras. Estimativas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), constituída pelas 30 economias mais industrializadas do planeta, revelam queda de quase 1% no PIB do grupo para 2009, contra previsão de expansão de 1,7%, feita no mês de junho de 2008.

Pesquisa preparada pela agência norte-americana Bloomberg, a partir de consultas a especialistas dos meios econômicos internacionais, prevê, para os EUA, a maior retração do consumo privado desde 1942, as mais acentuadas taxas de desemprego das últimas duas décadas e meia, e a superação do tempo de 16 meses de duração das recessões findas em 1975 e 1982, contra 43 meses dos anos 1930

Por ora, as incursões do presidente Obama conduzem à percepção de prioridade à retomada do vigor da economia norte americana, por intermédio da realização de investimentos em renovação da infraestrutura, sobretudo em energia e transporte ferroviário, e da atenuação da situação de fragilidade da classe média dos EUA.

Para tanto, seriam necessárias medidas voltadas ao estímulo à recuperação da demanda, particularmente com a diminuição da carga de impostos, e à interrupção da devolução das residências financiadas, o que poderia resultar em estabilização dos preços dos imóveis, inclusive para facilitar a própria avaliação dos títulos podres, lastreados nas hipotecas subprime. Como se vê, as ações do governo norte-americano devem alcançar de forma marginal as classes de renda elevada e as grandes empresas, exceto o ramo automobilístico em razão dos impactos para frente e para trás em emprego e renda.

De um ângulo financeiro, emerge a premência de restabelecimento dos mecanismos globais de regulação bancária, desmontados no início da década de 1970. Tal tarefa deveria contemplar ações voltadas à intensificação da fiscalização e supervisão dos agentes financeiros, principalmente os de varejo e as agências que não possuem características de bancos comerciais, atuantes naquilo que se convencionou chamar de desintermediação. Igualmente relevante seria a realização de controles e auditorias internas das instituições, além de apreciações mais rápidas e rigorosas de garantias e imposições de limites de crédito.

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