Você compraria um carro que proporciona entre 40% e 50% de economia por quilômetro rodado, emite aproximadamente 25% menos CO2 (gás de efeito estufa), tem maior durabilidade, proporciona o mesmo conforto e prazer ao dirigir e apresenta maior valor de revenda?
Se você respondeu sim, então você provavelmente teria um carro a diesel, assim como dois em cada três europeus, ou ainda tal como fazem empresários do setor de transportes da Argentina. Só não tem porque no Brasil a venda de carros de passeio com motor diesel é proibida há mais de 30 anos e assim poucos conhecem suas vantagens e os avanços alcançados.
Em média, com um litro de diesel é possível rodar cerca de 17 quilômetros, enquanto o mesmo carro movido a gasolina faz cerca de 11 quilômetros por litro e, se for flex, apenas 7 quilômetros por litro de álcool. O custo operacional por quilômetro com diesel é cerca de 50% menor do que com a gasolina ou cerca de 40% menor se comparado com o álcool. Também é menor que com Gás Natural Veicular (GNV), segundo cálculos baseados no custo nacional médio do combustível estimados pela ANP.
Motoristas de táxi e frotistas conhecem bem essa conta, pois é ela que no final determina se vale a pena ou não o preço da corrida ou frete. Há um porém nisso tudo, o preço do carro diesel é mais elevado do que o gasolina/flex. Mas para quem roda muito, compensa. Lembram-se do kit-gás na época em que o metro cúbico do GNV custava menos de um real? O investimento no diesel é similar, paga-se com o tempo.
Mas como o motor diesel ficou tão bom? Milagre?
O efeito estufa, as legislações de emissões e a necessidade de racionalizar recursos energéticos alavancaram o avanço tecnológico do motor diesel. Entre os avanços tecnológicos destacam-se: injeção direta com controle eletrônico com pressão de injeção superior a 1.800 bar que garante maior precisão no volume de combustível injetado; otimizações do fluxo de gases; sistema EGR de recirculação dos gases de escape controlado eletronicamente; possibilidade de injeções múltiplas em um único ciclo para redução de ruído e emissões; pós-tratamento de gases de escape por meio de catalisadores e filtros de material particulado; turbocompressores com geometria variável e intercoolers; perfil da câmara de combustão otimizado, número de válvulas e comando variável; evolução de lubrificantes para minimizarem atritos internos.
A engenharia tornou os motores diesel mais econômicos, confortáveis, confiáveis, seguros e menos poluentes. E o consumidor brasileiro tem sido deixado de lado neste processo.
Por suas vantagens, há 30 anos o País reserva o diesel exclusivamente para o transporte de carga e passageiros. Naquela época, o custo com importação de petróleo cresceu de US$ 600 milhões em 1973 para US$ 2,6 bilhões em 1974 e para US$ 10,6 bilhões em 1981, enquanto entre 1973 e 1980 a dívida externa brasileira pulou de US$ 6 bilhões para US$ 54 bilhões.
A situação era crítica e havia uma real necessidade de reduzir despesas com a importação de petróleo e derivados. Para tanto veio o programa Pró-álcool e o domínio de sua tecnologia, que hoje coloca o Brasil em situação privilegiada no cenário internacional em termos de combustíveis renováveis.
Hoje, nossa economia vai bem, apesar da crise financeira mundial, nosso setor automotivo vive situação de dar inveja à Europa e Estados Unidos, e somos auto-suficientes em petróleo com produção crescente e novas reservas sendo descobertas.
E, para os que acham que a liberação do carro diesel trará desequilíbrio na balança comercial, o parque de refino da Petrobras está em evolução para produzir mais diesel de qualidade, com excedentes previstos já a partir de 2012. Também não haverá uma explosão de consumo desse tipo de veículo com a sua liberação. Na Argentina qualquer pessoa pode comprar um automóvel diesel, porém os maiores consumidores desse tipo de carro são frotistas, justamente porque rodam muito e apresentam melhor relação custo/benefício por quilômetro rodado.
Aqui no Brasil a adição de 3% de biodiesel de origem vegetal em todo o diesel (B3) a partir de 01/07/2008, resulta numa economia 1.350.000 m³ de óleo diesel, suficientes para suprir três vezes o consumo anual da frota de táxi das capitais do Brasil se equipados com motores diesel. E o B3 passou agora para B4. Em 2010 deve passar para B5.
Se o motor flex proporcionou o livre arbítrio do usuário na escolha de seu combustível a proibição do carro a diesel vai justamente em sentido contrário. Enquanto o mundo inteiro se beneficia da tecnologia do carro Diesel, hoje, só você não pode.
Rubens Avanzini é engenheiro mecânico e coordenador da Comissão Técnica de Tecnologia Diesel da SAE Brasil
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