Ilustração: Felipe Lima| Foto:

Há dois conceitos-chave que nos ajudam a compreender e definir as relações internacionais e o moderno sistema internacional: soberania e reciprocidade. No sistema internacional nascido da Paz de Westfália, as relações principais acontecem entre os Estados; são eles os únicos sujeitos de direito neste contexto.

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As suas relações só são possíveis porque eles se reconhecem como poderes soberanos (ou seja, são as instâncias máximas de poder em um determinado território) e se respeitam como poderes soberanos (ou seja, um Estado não deve interferir no espaço de soberania do seu igual).

Quando o princípio de reciprocidade é quebrado voluntariamente, o sinal que se dá é o de submissão

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O princípio de reciprocidade deriva do reconhecimento da soberania. Reconhecendo-se como os atores chaves das relações internacionais, os Estados estabelecem este princípio para terem igual tratamento nas questões diplomáticas.

Esta é a base das relações entre os Estados. Embora tenham pesos econômicos, políticos e culturais distintos, os Estados contam e se reconhecem como iguais no sistema internacional, assim como acontece com os cidadãos na democracia liberal.

Quando o princípio de reciprocidade é quebrado, pode ser um sinal de conflito ou estresse nas relações entre os Estados. É um desequilíbrio fruto de conflito de interesses políticos, econômicos ou mesmo militares. Quando, por outro lado, o princípio é quebrado voluntariamente, o sinal que se dá é o de submissão.

Leia também: “Haja visto”: o Brasil precisa de menos burocracia (artigo de Dario Luiz Dias Paixão, doutor em Turismo e coordenador-geral da Pós-Graduação da Universidade Positivo)

Abdicar do princípio base da reciprocidade nas questões dos vistos para americanos, canadenses, australianos e japoneses, que passaram a ser isentos dessa exigência no último dia 17, é deixar de se colocar como soberano e como igual na relação entre países. Colocando-se como a parte inferior da relação, qual será a legitimidade das nossas demandas na relação com esses países?

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Mauricio Fronzaglia é cientista político e especialista em relações internacionais da Universidade Presbiteriana Mackenzie.