Vivemos em uma nova era, em que a globalização e a rápida evolução de tecnologias digitais, como a internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), inteligência artificial (IA) e robótica estão trazendo mudanças significativas para a sociedade. O ambiente e os valores das pessoas estão se tornando cada vez mais diversificados e complexos. O mundo enfrenta desafios de larga escala, como esgotamento de recursos naturais, aquecimento global, crescente disparidade econômica, uma população em amadurecimento, taxa de natalidade em declínio.
Portanto, é de extrema importância aproveitar ao máximo as tecnologias da informação e comunicação (TIC) para obter novos conhecimentos e criar valores, estabelecendo conexões entre pessoas e coisas e entre os mundos real e cibernético, como um meio eficaz e eficiente de resolver problemas na sociedade.
Antecipando essas tendências globais, a sociedade 5.0 foi apresentada como um conceito central do quinto Plano Básico de Ciência e Tecnologia, adotado pelo governo japonês em 2016, que pode servir de exemplo e ser aplicado por outros países. A iniciativa da sociedade 5.0 está fundamentada no paradigma da indústria 4.0, embora as manifestações do modelo da indústria se concentrem na aplicação de tecnologias emergentes para aprimorar a eficácia e o desempenho financeiro das organizações (fábricas inteligentes).
A sociedade 5.0 procura contrabalançar a ênfase comercial, aplicando tecnologias para melhorar qualitativamente a vida de seres humanos individuais
A sociedade 5.0 procura contrabalançar essa ênfase comercial, aplicando tecnologias emergentes relacionadas à robótica social, IA, inteligência ambiental e avanços nas interfaces homem-computador para melhorar qualitativamente a vida de seres humanos individuais e beneficiar a sociedade como um todo (sociedade inteligente).
O objetivo é criar uma sociedade centrada no ser humano, na qual o desenvolvimento econômico e a solução dos desafios sejam alcançados, e as pessoas possam desfrutar de uma alta qualidade de vida totalmente ativa e confortável. Alguns campos estratégicos foram selecionados como capazes de alavancar os pontos fortes dessa iniciativa.
Assistência médica: por meio da inteligência artificial, é possível cobrir aspectos como dados pessoais em tempo real, informações de localização da assistência médica, informações sobre tratamento e informações ambientais. Além disso, a assistência possibilita uma vida saudável e a possibilidade de detectar doenças precocemente, por meio de exames médicos de dados fisiológicos e clínicos e oferecer um tratamento ideal.
Mobilidade: um novo valor pode ser gerado analisando, por meio de IA, bancos de dados que abrangem vários tipos de informações, incluindo dados de sensores de carros e informações em tempo real sobre clima e tráfego. Esse campo estratégico facilita as viagens e passeios turísticos que correspondem às preferências pessoais e tornam o movimento agradável sem congestionamentos, além de reduzir os acidentes por meio da condução autônoma e da combinação de serviços de carros e transporte público.
Criação de cadeias de suprimentos de próxima geração: migrar de um modelo convencional (obtendo lucro simplesmente vendendo produtos) para um novo modelo (com lucro pelo serviço como um todo, incluindo atendimento e pós-venda), e materializar a produção em massa sob medida, atendendo as necessidades de cada consumidor.
Agricultura: aplicando IA e big data para aspectos como dados meteorológicos, crescimento de culturas, condições de mercado, tendências e necessidades alimentares, é possível maior oportunidade de emprego e alta produtividade por meio de soluções como tratores robóticos e automatizar a integração de dados de culturas com o uso de drones. Outras aplicações incluem operação e automação do gerenciamento da água e aprimorar sua capacidade com base em previsão do tempo e dados de águas subterrâneas.
- Smart cities: cidades cada vez mais inteligentes (artigo de Carlos Sandrini, publicado em 25 de abril de 2016)
- Smart human city – teoria e prática (artigo de Fernando Lorenz, publicado em 31 de dezembro de 2017)
- “Prossumidores” de energia (artigo de Marcos de Lacerda Pessoa, publicado em 25 de dezembro de 2018)
Energia: analisar dados meteorológicos, status operacional de usinas, status de descarga/cobrança de veículos elétricos (VE) e condições de uso de energia de cada domicílio contribui para o fornecimento de suprimento de energia estável por várias fontes de energia, com base em previsões precisas de demanda, além de reduzir a carga ambiental, diminuindo as emissões de gases do efeito estufa (GEE).
FinTech: possibilitada pelas tecnologias emergentes, será possível apoiar os negócios financeiros existentes e trazer benefícios econômicos, fornecendo bens e serviços necessários às pessoas que precisam, facilitando a prosperidade humana.
As iniciativas não são para o desenvolvimento de um único país, mas para gerar resultados positivos globalmente. Isso implica que o mundo inteiro se beneficiará da sociedade 5.0, que busca integrar as tecnologias desenvolvidas em diferentes setores, bem como nas diversas atividades, para alcançar o desenvolvimento econômico para um grande número da população (e não para poucas pessoas), fornecer soluções paralelas aos problemas e promover uma sociedade em que as pessoas aproveitem a vida ao máximo.
Débora Morales, graduada em Estatística e em Economia, especialista em Engenharia de Confiabilidade e mestre em Engenharia de Produção na área de Pesquisa Operacional com ênfase a métodos estatísticos aplicados à engenharia e inovação e tecnologia, é estatística no Instituto das Cidades Inteligentes (ICI).
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