Todos nós continuaremos no caminho da servidão desenhado por Friedrich Hayek enquanto permanecermos na inércia, ou seja, não tomarmos atitudes que nos libertem do gigantismo estatal, gigantismo esse que tem por objetivo a supressão das liberdades individuais. E digo isso sem paixão ideológica: apenas acredito que a liberdade é um princípio inerente à condição da natureza humana.
Ao longo dos últimos tempos, considerando a história recente dos países vizinhos que, democraticamente, elegeram o que hoje consideramos ditadores, percebemos que a democracia tem se revelado perigosa em certos aspectos. Muitas vezes, a democracia não passa de um eufemismo para autoritarismo.
Além do problema da ausência de conhecimento, a falta de cultura – também sustentada pelo Estado – nos levou a permitir a subversão de valores morais e éticos.
Sem qualquer tipo de estudo de Ciência Política e de Direito – em especial o Direito Constitucional –, durante quase toda nossa vida fomos manipulados a crer de forma categórica que o sistema democrático não possui falhas e funciona perfeitamente, e hoje sabemos que isso não é verdade. A ausência de conhecimento cívico – sustentada pelo Estado – nos levou a alimentar um sistema que há tempos se deteriora e é marcado pela má gestão, a corrupção e o gigantismo da máquina pública. O correto seria a própria sociedade, dotada de conhecimento de seus direitos e deveres, aprimorar o sistema democrático, porém, com o rumo que estamos tomando, não se sabe ao certo quando chegarmos a esse ideal.
Além do problema da ausência de conhecimento, a falta de cultura – também sustentada pelo Estado – nos levou a permitir a subversão de valores morais e éticos, valores estes que sustentam uma sociedade forte, capaz de ser admirada mundo afora. Cabe dizer que uma sociedade adoecida em sua cultura e educação está, mais do que nunca, vulnerável a governantes sociopatas e, portanto, com maiores probabilidades de legitimar um Estado totalitário. Estamos a um passo disso quando, por exemplo, “normalizamos” os absurdos abusos cometidos por certas autoridades – muitas vezes “legitimadas” por um sistema podre e falido e que sequer representam, de fato, o povo. Aos poucos, nos submetemos a um processo doentio que nos obriga a aceitar abusos, que dita os rumos da nossa vida, da nossa liberdade, das nossas propriedades.
Espero que não demore para que a sociedade caia em si e entenda o que está acontecendo e que, dentro de alguns poucos anos, poderá nos levar à concretização de um pesadelo social. Lembro-me das reverberantes palavras de Enéas Carneiro quando afirmou que "para conquistar uma nação, não é preciso invadi-la, basta comprar a imprensa sem que o povo perceba, depois controlam o pensamento das pessoas que elegem a maioria dos patifes para destruir a nação". Durante muito tempo tivemos de maneira sistemática a perversão de nosso intelecto, o que, com certeza, nos levou a cometer muitos erros e más escolhas, que dão espaço para a ação dos maus governantes que alcançam o poder, independentemente da sua bandeira ideológica.
Precisamos evitar que essa situação se perpetue. De que modo podemos contribuir para corrigir os erros da sociedade? O que estamos fazendo e iremos fazer para, a partir de nós mesmos, construir um novo Brasil, com uma cultura forte, atrelada aos valores humanos? Por que "aceitar" o errado? Por que se deixar levar por uma onda de relativismo moral cujo único objetivo nada mais é do que a destruição da capacidade de discernimento e o esfacelamento moral?
Não se trata de discurso revolucionário, tampouco de mera retórica, mas, sim, de um questionamento a respeito do bem e do mal; do que queremos ou não para nossas vidas e para a sociedade. Desde que a benção da ignorância foi comprometida quando Adão e Eva consumiram o fruto proibido, fomos condenados a escolher entre o certo e o errado, entre o caminho da liberdade ou da servidão.
Filippe Alves França tem formação em Liderança e Comunicação e em Gerenciamento de Projetos e atua com mentoria de liderança e comunicação.
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