Ao longo dos mais de 16 anos atuando em executive search, tenho analisado os diferentes perfis de crises econômicas vividas no Brasil. Tivemos, por exemplo, a de 2001 com a “bolha” da internet, a de 2002/03 com a eleição de Lula fazendo o dólar disparar e a Bolsa cair. Mais recentemente, a crise de 2008 com as sub-primes e, agora, a de 2015 e 2016, uma crise institucional “made in Brazil”. Todas elas tiveram seus motivos e fundamentos distintos, afinal, nenhum período de baixa é igual ao outro.
Agora, pergunto-lhes: A sua reação como empresário ou executivo foi diferente em cada um desses momentos? O cerne de suas decisões foi específico para cada um dos eventos citado acima?
Como consultor de algumas centenas de empresas, pude observar que as reações são bastante parecidas no que se refere à estrutura organizacional e à gestão de pessoas e talentos.
Hoje, começo a perceber uma sensível retomada na busca por executivos
Aos primeiros sinais da crise, é absolutamente normal – e trivial – que os empresários e altos gestores tomem a decisão de não ampliar quadros e não repor posições de profissionais que por algum motivo deixaram a empresa, chegando, assim, ao forçado corte de headcount. Esse movimento dura algo em torno de oito a 12 meses, tratado muitas vezes, em uma maneira informal, de “lição de casa”.
Ao findar esse dever, as organizações (executivos e sócios) tendem a avaliar o mercado e dizer: E agora? Para onde vamos? Onde podemos ganhar? Onde podemos melhorar nossa margem? Em qual região posso ganhar mais espaço? Onde meu concorrente sofreu mais do que eu e posso aproveitar para me consolidar como líder de mercado?
Todas essas questões, entre outras tantas, começam a fazer sentido quando, juntas, formam o senso de oportunidade.
Mas como buscá-la se meu time ou minha organização está absolutamente enxuto e sem “braço” para desenvolver tais projetos de expansão? Como pensar em operacionalizar todas essas chances?
Chegamos, então, à necessidade de renovar o time, trazer sangue novo, novas ideias, novos conceitos e gente com apetite de sair na frente!
Hoje, começo a perceber uma sensível retomada na busca por executivos. Em abril, medimos uma aceleração na ordem de 40% a mais, se comparada ao 1º trimestre do ano. O mês de maio também começa a se mostrar promissor, tentando equilibrar as perdas de um inicio de temporada há tempos não visto. Um quarter de recessão e desemprego cruel nos mais altos níveis.
Essa retomada se dá, em especial, quando falamos de funções ligadas às áreas: comercial, responsável por renovar a estratégia de vendas e reforçar a operação em regiões ou canais pouco atendidos; finanças, gerindo custos e investimentos; além de recursos humanos, setor esse que observou o processo dos últimos meses prejudicar a saúde organizacional, o clima e as relações internas das companhias.
Quanto aos segmentos que estão mais propensos a sair na frente no que se refere à busca pelo capital humano diferenciado, sem dúvidas, os setores de Infraestrutura (congelado há mais de dois anos), TI/telecom (onde os investimentos continuam acontecendo) e alimentos & bebidas (que se baseia na retomada de renda) dão passos mais concretos em suas atividades.
Portanto, há sinais sim de melhoria após a iminente e aguardada mudança no governo. Mas o primeiro ato fundamental do empresariado é aprender a se desapegar do passado. Se já demos adeus para muitas coisas, por que não darmos um tchau para a crise?
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