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 | Felipe Lima
| Foto: Felipe Lima

Em 2011, Jérôme Valcke, então secretário-geral da Fifa, disse que o Brasil deveria levar um “pontapé no traseiro” para acelerar as obras para a Copa do Mundo de 2014, que estavam consideravelmente atrasadas. Posteriormente, Valcke caiu em descrédito com o escândalo de corrupção que envolveu seu nome, mas, naquele momento, mesmo se expressando de forma inadequada, ele tinha razão na preocupação que externava sobre os prazos. Naquela época – e até que a Copa acontecesse – foram preocupantes, e até traumáticos, os atrasos com a rede hoteleira, com os transportes e com a infraestrutura, elementos essenciais para um megaevento.

Em 2009, o Rio de Janeiro foi escolhido para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 e, chegado o esperado ano olímpico, a pergunta de muitos é: estamos novamente na mesma situação?

Qualquer projeto que tenha menos tempo para sua realização custa mais caro e prejudica a própria população

O ano olímpico finalmente chegou!

O desafio de organizar os primeiros Jogos Olímpicos e Paralímpicos na América do Sul está cada vez mais próximo de ser vencido.

Leia o artigo de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016

Para a realização de um evento desse porte, o primeiro aspecto essencial é com relação aos equipamentos esportivos construídos, que deverão estar prontos e devidamente testados para a realização das competições. Há também as necessidades de hospedagem das delegações, comitês e do público participante, do transporte para o destino e dentro da cidade, além de alimentação, segurança, fornecimento elétrico, de saneamento, coleta, receptividade da população e opções de entretenimento, dentre outros.

Com uma dose de burocracia com processos, legislação, licitações, aspectos políticos e adicionada a cultura do “fazer em cima da hora”, os cronogramas tiveram de ser apertados e os prazos foram readequados, pois os atrasos estavam chamando a atenção e trazendo a organização do Comitê Rio-2016 como a pior dos últimos 20 anos, na consideração do Comitê Olímpico Internacional (COI). Esse parece ter sido o impulso que podemos correlacionar com o que Valcke dizia ser necessário nos preparativos para a Copa de 2014.

No último ano, os efeitos dos comentários negativos quanto aos prazos, assim como a percepção de aspectos críticos da Copa, fez com que algum tempo fosse recuperado – e muito foi feito. Porém, os prazos ainda estão apertados e as obras, seja de infraestrutura, hotelaria ou mobilidade, em sua grande maioria não foram concluídas.

Temos a impressão de voltar à lição ainda não aprendida: tempo é dinheiro! Qualquer projeto que tenha menos tempo para sua realização custa mais caro e prejudica a própria população, pelos aspectos econômico-financeiro, sociocultural, político e ecológico, dentre outros. O planejamento e a antecipação são necessários quando tratamos de projetos e, principalmente, de eventos de tamanha importância.

Para ajudar a complicar, a instabilidade político-econômica que o país enfrenta atualmente também ameaça a realização dos Jogos no Brasil, causando preocupações consideráveis em diversas instâncias – desde o COI, passando pelo Comitê Rio-2016, pela iniciativa pública e privada, sem falar da sociedade.

A perspectiva é de que, assim como ocorreu na Copa, o evento aconteça e seja um sucesso! Mas novamente tudo ficará pronto em cima da hora, sem tempo para se dedicar aos detalhes e a aspectos relacionados aos diferenciais potenciais que os Jogos Olímpicos realizados no Brasil poderiam apresentar. Diferenciais que vão além da infraestrutura, e envolvem a experiência, a excelência em serviço, a hospitalidade e o profissionalismo.

Morgana Toaldo Guzela é coordenadora do curso de Gestão de Eventos do Centro Tecnológico Positivo.
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