No Brasil, enquanto alguns discutem quanto se pode destruir das florestas nativas, quais as propriedades alheias possíveis de serem invadidas, quanto de solo pode ser perdido pela erosão, o que se deve tomar dos índios, uso de defensivos agrícolas, produção de carvão para churrasco, elevada carga tributária, transgênicos dos que decidiram tomar o caminho das emoções, sem o seu justo conhecimento, outros discutem a bolsa de valores, a prorrogação das dívidas o ano "crucial" para a agricultura brasileira, devido à queda violenta dos preços internacionais dos produtos considerados mais significativos para a economia do país: soja, trigo, milho, feijão, algodão e arroz. Esses valores são muito preocupantes, pois refletem internamente nos preços. Com o dólar mais desvalorizado, o valor dos produtos no mercado estão mais reduzidos, os custos em alta e com a renda cadente. Há, ainda, aqueles que discutem as perspectivas para a agricultura brasileira, porque acreditam na criatividade, no trabalho e na dedicação do setor rural. Dentre essas, discute-se a agricultura energética que se desponta com perspectiva de sucesso para o Brasil. É um know-how que nenhum outro país tem sem dúvida, um know-how de êxito comprovado (Pró-álcool). Como o petróleo é finito e as questões ambientais levam os países do mundo rumo à agricultura energética do etanol, biodiesel e outros produtos, o Brasil poderá delinear um mercado consistente para o futuro, desde que haja equilíbrio entre a demanda crescente e a oferta, e o equilíbrio entre a extração e a reposição dos respectivos nutrientes do solo.
Com relação ao biodiesel, a legislação em vigor estabelece limites crescentes do porcentual de mistura desse produto no óleo diesel convencional. O objetivo é a produção aumentar segundo a demanda, além de promover a inclusão social, dando prioridade à mamona, do Semi-árido nordestino, e à agricultura familiar. Com relação à agricultura familiar, se tudo que é anunciado condiz com a realidade, então muitas coisas ainda estão por chegar. Se ocorrer de fato, segundo a crença tão difundida, haverá fortalecimento da agricultura familiar, que é o caminho da valorização do meio rural. Outro ponto que deve ser destacado é a mudança estrutural do conceito de que os órgãos governamentais devem ser instrumentos de alavancagem do setor privado e não uma "tábua de salvação", e que, as instituições de pesquisa, extensão e universitárias não são carros último-modelo, com grande potência, portanto, que correm a grandes velocidades e que, simplesmente, pode-se dar um "cavalo-de-pau" para mudar o seu rumo. Assim, são as instituições que trabalharam e trabalham com a agricultura familiar e empresarial, que já percorreram um longo caminho para atingir a competência, com a qual desenvolvem o setor agrícola e que, com certeza, darão continuidade aos caminhos da defesa de todos os rumos da agricultura do país.
Outra sinalização positiva e que está em estudo é a redução da tributação sobre os insumos agrícolas para baixar os custos de produção. É um tema que está sendo tratado na área econômica, porque implica uma sangria nas receitas. Também se estuda a criação, só que a longo prazo, de um "Fundo de Catástrofe" para garantir que o seguro rural funcione adequadamente. O seguro rural dos países que o possuem depende de fundos de resseguro, o que não há no Brasil. Esse fundo seria permanente para atender o setor rural nesses momentos de crise.
Em relação à renegociação das dívidas com o Banco do Brasil, já está ocorrendo por meio de um pacote emergencial. Também, as conceituações de agricultura orgânica e convencional estão ficando mais claras à compreensão dos responsáveis, sugerindo que há uma sinalização de boas perspectivas para uma agricultura sem radicalismo uma agricultura equilibrada, sem exageros extremos.
Para o agrado dos produtores orgânicos, o Banco do Brasil Agricultura Orgânica passou a financiar despesas de custeio, investimento e comercialização dos projetos agropecuários conduzidos de acordo com as normas do sistema orgânico de produção e por intermédio de um plano de manejo aprovado pela certificadora credenciada junto ao banco. Também o Programa Pronatureza, operado pelo mesmo banco; Programa de Financiamento à Conservação e Controle do Meio Ambiente, pelo Banco do Nordeste; o Finame Agrícola e o Programa de Recuperação de Solos (Pro-solo), do BNDES, também tem concedido financiamentos. Além desses, a Resolução 2.879, de 8/8/01, do Banco Central do Brasil, determina tratamento prioritário ao atendimento de propostas de financiamentos e projetos que contemplem a produção orgânica. Todos esses programas de financiamentos têm mostrado, cada vez mais, a importância e suas perspectivas futuras de produção orgânica.
Por outro lado, os sintomas inevitáveis em função da queda da renda no campo já apareceram, afetando os produtores e a geração de empregos. Assim, as espectativas segundo as novas tendências podem ser pautadas no aumento drástico de dívidas de produtores que não poderão cumprir todos os compromissos e na falta de condições para adquirir máquinas, equipamentos e insumos. Segundo a Ocepar, o Paraná teve uma queda de renda real da soja; de 111%; no trigo de 324% e no milho de 224%. Mais de 70% dos agricultores não poderão pagar suas dívidas no ano e 36% deles terão de demitir empregados. Com a aprovação do salário mínimo regional de R$ 437,00, entre os que têm empregados, 62% terão de demitir por não ter renda para arcar com a despesa adicional (PR-Cooperativo, 2006). Neste momento de crise por que passa a agricultura brasileira, é preciso dizer que, apesar de muitas conquistas, a sociedade ainda não conseguiu combater os desperdícios e o drama da fome. Por isso é preciso continuar trabalhando com seriedade, determinação e confiança, já que inteligência e idéias não faltam aos bons brasileiros que a agricultura, a terra, a técnica e a ciência, precisam ser respeitadas e confiadas àqueles que podem praticar a real agricultura, social e econômica, gerando renda ao país que tem fome de emprego, de dignidade e de transparência.
Flora Osaki é engenheira-agrônoma e professora da PUCPR Câmpus São José dos Pinhais.