O que esperaríamos, você e eu, caro leitor, como requisitos para alguém ocupar o cargo de ministro dos Direitos Humanos? Ou melhor, titular do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos? Mulher na frente, como geradora da família; a família, como base da ordem social; e os dois, como promotores de direitos humanos.
Enquanto pensamos na resposta para essa pergunta, um parênteses. O leitor sabia que existem ministérios da Família em vários países, e que o Brasil, até hoje, não havia achado necessária tal ostentação? Agora existe, e mais: há uma Secretaria Nacional da Família, com foco claro no desenvolvimento da família, no fortalecimento dos vínculos familiares em uma lógica geracional, pensando nas crianças e nos idosos, e também no auxílio nas dificuldades, de forma subsidiária à própria família, que é quem, de fato, tem o protagonismo.
A guerra ideológica está posta; o alvo não é a ministra, mas sim a verdade
Voltando à pergunta inicial, talvez eu pensasse em uma mulher. Uma mulher empoderada, que lutou desde cedo, que enfrentou dificuldades e que entregou a sua vida por um sonho, por um ideal. Que conhecesse o drama da violência física e moral por que passam tantas e tantas mulheres, em casa e fora de casa, na rua e no trabalho. Pensaria em alguém que entendesse a causa indígena, já que no ministério há tanto uma secretaria que cuidará disso quanto o trabalho realizado pela Funai, como responsabilidade do ministério. Pensei em alguém que tenha uma família real, não de realeza, como a do príncipe ou como as dos famosos, mas uma família que dá trabalho, como a minha e a sua, mas que não trocaríamos por nada neste mundo. E que queremos ver se desenvolver e se realizar. Pensaria em alguém que soubesse dialogar, que fosse conciliadora, que tivesse convicções fortes, mas que fosse cordial com todos. Que pessoa vem à sua cabeça? Vem à minha também: Damares Alves.
O novo governo não tem ainda um mês. A indicação de Damares Alves para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos tem pouco mais de um mês. Ela só está no posto, empossada, desde o dia 2 de janeiro, mas o nome dela não sai do noticiário. Aparentemente rodeada de polêmicas, a assessora parlamentar, advogada e pastora tem uma história difícil, de dor, sofrimento, superação, resiliência e de vitória.
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Mas, para aqueles que não a conhecem, justificarei a minha resposta à minha primeira pergunta, que era retórica. Uma mulher empoderada – quem poderia imaginar que uma assessora pudesse virar ministra? Uma mulher que foi abusada na infância e se recuperou; que luta pelas crianças de rua, enfrentando as consequências de cuidar dos invisíveis da sociedade. Que tem uma filha indígena, adotada – mas filho adotivo é filho também, de verdade. Que promove ações de atenção às pessoas deficientes, que se compromete com as pautas morais da sociedade, e isso não tem demérito nenhum. Defende a vida desde a concepção, defende a família, defende a liberdade religiosa, vivendo ela mesma sua fé com fervor.
Defender pautas morais nada tem a ver com moralismo. O moralismo que observamos, esse sim perigosíssimo, fruto do politicamente correto e da intolerância religiosa, quer fazer da ministra um ser fora da realidade, quando foi exatamente essa realidade que elegeu o presidente Bolsonaro. É evidente que não foi a pauta econômica, mas os valores.
Nessas “polêmicas” sem fim, fica evidente que a guerra ideológica está posta; que o alvo não é a ministra, mas sim a verdade. E, sem a verdade, não há sociedade livre.