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Comemora-se, neste ano, o jubileu do sétimo centenário da canonização de Santo Tomás de Aquino. Foi exatamente em 18 de julho de 1323 que o Papa João XXII, por meio da Bula Redemptionem misit, inscreveu seu nome no catálogo dos Santos Confessores da Igreja Católica.
Mas, afinal, qual o significado de tão grande reconhecimento? Para responder a isso, devemos dizer que o nome “santidade”, como explica o próprio Aquinate (S. Th., IIa-IIae, q. 81, a. 8), parece implicar duas coisas.
De um modo, a pureza; pois, como diz Dionísio (De Div. Dom., cap. 12), “a santidade é a pureza isenta de toda mancha, perfeita e absolutamente imaculada.” E o nome grego correspondente a esse significado é hagios, pois é dito “puro” como se não estivesse sujo de terra. De outro modo, a santidade implica firmeza; por isso, entre os povos antigos, diziam-se “santas” aquelas coisas protegidas por lei para que não fossem violadas. De onde se diz “sancionado” o que é firmado por lei. Segundo os latinos, este nome “santo” também pode se referir à pureza, entendendo-se por santo como se “tingido por sangue”, porque antigamente os que queriam purificar-se eram tintos com o sangue da vítima, como diz Isidoro de Sevilha (Etymol.).
A santidade implica firmeza; por isso, entre os povos antigos, diziam-se “santas” aquelas coisas protegidas por lei para que não fossem violadas
E ambos os significados são apropriados, de modo que a santidade é atribuída a Tomás de Aquino pelo fato de ele ter sido puro e firme. Foi puro porque sua mente não estava imersa nas coisas inferiores, pelas quais poder-se-ia contaminar, mas elevada a Deus. E, assim, com a pureza, a sua mente pôde buscar as coisas que são do alto (Cl 3, 1). Por onde se lhe aplica o dito na Escritura (Hb 12, 14): “Segui a paz com todos, e a santidade, sem a qual ninguém verá a Deus.”
Mas ele também foi firme, pois elevou sua mente a Deus como ao último fim e princípio, que forçosamente são o que há de mais imóvel. Por isso, teve por certo, como o Apóstolo (Rm 8, 38-39), que nem a morte, nem a vida lhe separaria do amor de Deus.
Assim, pois, chama-se há 700 anos "Santo Tomás" pela aplicação que fez de sua própria mente e de seus atos a Deus. Não só os que pertencem especialmente ao Seu culto (como são os sacrifícios, as oblações e coisas semelhantes), mas também os atos de suas outras virtudes, ou por se dispor pelas suas boas obras ao culto divino.
Que o simbolismo desta data possa nos lembrar de nosso chamado universal à santidade. Pois, como é santo Aquele que chamou Tomás à santidade, sejamos nós também santos em toda nossa maneira de pensar e agir. Porquanto está escrito (1 Pe 1, 16): “Sede santos, porque Eu sou santo”.
Wilson Coimbra Lemke é advogado, professor universitário e cursa o doutorado em Filosofia na UFES.
Conteúdo editado por: Bruna Frascolla Bloise