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| Foto: Robson Vilalba/Thapcom

Redução de 65% das escoltas feitas pela Polícia Militar – escolta, isso mesmo, comboiar ônibus e às vezes pessoas a pé pelas ruas, porque do contrário podem se envolver em verdadeiras batalhas com outras pessoas que estão a caminho dos estádios, para ver um jogo de futebol. Diminuição em 31% do efetivo do Batalhão de Choque da Polícia Militar designado para acompanhar jogos de futebol. Baixa de 15% do número de policiais militares que atuam em áreas externas aos estádios de futebol, nos dias de jogos. Queda em 50% de confrontos entre torcidas organizadas. Aumento de 23% de torcedores nos estádios. Esses são alguns números registrados após São Paulo adotar a torcida única em clássicos.

Seguindo modelo semelhante, o “Projeto-Piloto Torcida Única de Curitiba” não é uma imposição do Ministério Público, nem poderia. Não temos poder para isso. Foi proposto aos três maiores times da capital e aceito por um deles (o Atlético), que a qualquer momento pode deixá-lo se assim quiser, da mesma forma como os demais podem a ele aderir. Conta com a parceria da Polícia Militar e da Delegacia Móvel de Atendimento ao Futebol e Eventos (Demafe), além de torcidas organizadas.

Não podemos continuar tratando torcidas adversárias como exércitos prontos ao combate

A proposta é a mudança de um paradigma. Não podemos continuar tratando torcidas adversárias como exércitos prontos ao combate, que devem ser separadas nas ruas e nos estádios por forte policiamento. Quando fazemos isso, talvez estejamos fomentando a violência a pretexto de afastá-la.

E a população, como fica? Será que o Estado possui estrutura sobrando para atender, ao mesmo tempo, com efetivos enormes, os jogos de futebol, os bairros, a região metropolitana etc.? Entre trabalhar pela segurança da cidade e cuidar de um evento privado, pergunta-se: onde o Estado deve por mais energia, onde investir mais dinheiro público?

É preciso deixar claro que a medida não impede, de modo algum, a entrada de torcedores de times diversos na Arena da Baixada, apenas não haverá mais a escolta de torcidas pela Polícia Militar. Também não será reservado espaço exclusivo para a torcida visitante no estádio. Neste momento inicial em que a extrema cautela é necessária, apenas não serão admitidos torcedores com a identificação visual do time adversário, exatamente para não estimular ou facilitar atos de violência. Essa restrição do projeto, decidida em comum acordo com os participantes, poderá sofrer alterações no decorrer do tempo, com a criação, possivelmente, de espaços mistos, como já acontece, por exemplo, em jogos no Rio Grande do Sul.

Decisão equivocada: Torcida única é ilegal e não evita a violência (artigo de Paulo Gradella Filho, advogado e presidente da Comissão de Direito Desportivo da OAB-PR)

A proposta não fere, nem poderia ferir, a legislação que defende os interesses dos torcedores (Estatuto do Torcedor), o que inclusive ficou decidido, liminarmente, pela Justiça nesta semana em mandado de segurança que o Cruzeiro Futebol Clube impetrou para barrar a realização do Projeto-Piloto Torcida Única. E por falar no jogo do Cruzeiro, lá foi nosso primeiro teste, e já temos um número animador: a Polícia Militar utilizou 75% a menos de policiamento e não foram relatados incidentes. Sem dúvida, uma boa notícia!

Maximiliano Ribeiro Deliberador é promotor de Justiça da 2ª Promotoria de Defesa do Consumidor de Curitiba.
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