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As mudanças implantadas pelo governo federal nestes primeiros meses do ano se mostram duras para quem trabalha com o transporte de cargas. E é preciso um grande poder de adaptação para que empresas, não só do setor de transportes, permaneçam saudáveis em meio à crise. A impressão que se tem é a de que damos um passo para frente e dois para trás.

Precisamos nos adaptar, antes que seja tarde, torcendo para que o mercado reaja

A taxa de desemprego se mostrou maior do que nos últimos anos no primeiro trimestre de 2015. Mas como empregar mais, se os custos do frete só aumentam? Essa é uma engenharia que o setor tenta driblar com terceirização de frota, mas até quando suportaremos os preços altos de insumos sem comprometer o custo do frete? É preciso, mais uma vez, adaptação, algo tão comum na vida do brasileiro, que se vê no meio de uma espécie de “vai, mas não vai” de legislações. Um bom exemplo foi a Medida Provisória 669/2015, que tentou diminuir a desoneração na folha de pagamentos das empresas: se aprovada, a alíquota para o transporte de cargas passaria de 1% para 2,5%. Embora a medida tenha sido devolvida à presidente, deve acabar passando e ser adotada em breve.

Entre as escassas boas notícias, vemos uma tentativa de regulamentação do trabalho dos motoristas mais justa, mas que se mostra um pouco difícil de fiscalizar na fase de implantação. Vemos também um projeto de lei (PL 4.330) que busca melhorar a relação das empresas com os funcionários terceirizados e trazer mais segurança jurídica ao processo de contratação de mão de obra, mas que corre o risco de empacar no Congresso.

Em meio a esse cenário, vemos o euro na casa dos R$ 4, o pedágio subindo, a carga tributária altíssima, a mão de obra encarecendo, insumos idem – e uma dificuldade imensa em repassar o custo do frete para os embarcadores. Tem ainda o impasse entre caminhoneiros e governo federal sobre a imposição de uma tabela de frete, que interfere na economia de mercado e é considerada inconstitucional. Por conta disso, novas paralisações foram feitas em nossas rodovias. Não apoiamos esse movimento dos caminhoneiros autônomos, pois acreditamos que bloquear vias públicas, prejudicando muitas pessoas, não é a melhor maneira de protestar e de conseguir viabilizar suas demandas.

Precisamos nos adaptar, antes que seja tarde, torcendo para que o mercado reaja, para que o PIB cresça no próximo ano, pois este já foi considerado perdido, e trabalhando forte para encontrar medidas que mantenham nossas empresas saudáveis.

Gilberto Cantú é presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Setcepar).
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