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Um dia que fazemos questão de não esquecer

Há tragédias coletivas que marcam profundamente a história. Como esquecer as bombas sobre Hiroshima e Nagasaki em 1945? O golpe militar de 1964, no dia 31 de abril? Ou, ainda, o ataque às Torres Gêmeas no dia 11 de setembro de 2001? Guardadas as devidas proporções, educadores do estado do Paraná já rememoravam o dia 30 de agosto de 1988 – data em que as forças de segurança do então governador Alvaro Dias usaram a cavalaria contra trabalhadores e trabalhadoras da educação que protestavam em pleno Centro Cívico – quando, 27 anos depois, no dia 29 de abril de 2015, um novo enredo de barbárie foi engendrado no mesmo cenário. As cenas captadas pelas lentes de cinegrafistas e fotógrafos ganharam o mundo. O governo Beto Richa (PSDB) mostrava suas armas e as empunhava contra trabalhadores, estudantes e comunidade em geral.

Não há como esquecer, e não faremos esquecer, aquilo que vivenciamos há um ano. Foram mais de 400 feridos fisicamente e milhares de outros feridos moralmente, já que a indignação, a tristeza e a angústia afetaram toda a sociedade. Foi por respeito à educação, por seus educadores e estudantes e pela qualidade do serviço público, que os trabalhadores resistiram durante duas horas aos ataques de um governo que lhe faltou com o respeito.

A APP tem lado. E de que lado você quer estar?

De um lado estava a violência. Do outro, a luta por uma educação de qualidade, por melhores estruturas de ensino e valorização profissional. Naquele lado erguia-se a repressão. De cá, do lado dos trabalhadores, lutava-se pela defesa de direitos, dentre eles o direito de não mexerem na previdência custeada anos a fio por esses mesmos trabalhadores e que, infelizmente, em conluio com os deputados do camburão, conseguiu-se alterar. Do lado deles, a força bruta. Deste nosso lado, a esperança em um futuro melhor, afinal não há processo educativo que não se sustente pela ação política e esperançosa que se dá entre educadores e educandos.

A APP tem lado. E de que lado você quer estar?

Estamos hoje nas ruas marchando. Uma marcha nacional que nos levará de volta ao cenário do conflito, cujas bandeiras são a defesa do Estado Democrático de Direito, contra a impunidade de autoridades responsáveis pela violência praticada pelas forças do Estado, pela manutenção de direitos trabalhistas constantemente ameaçados e pelos direitos conquistados e compromissos assumidos pelo governo Richa – como, por exemplo, o pagamento dos cerca de R$ 180 milhões em promoções e progressões dos servidores, direitos de aposentados e contratados temporários PSS. De igual forma, aguardamos que haja justiça nos desdobramentos das operações Quadro Negro e Publicano, que apontam corrupção na Secretaria de Educação e na Receita Estadual.

Marchamos, também, para não esquecer o 29 de abril de 2015. A APP-Sindicato continuará, assim como faz no 30 de agosto, usando o termo “luto” como um substantivo, que remete à dor pelos feridos e pela maneira cruel como os servidores da educação foram tratados nesse dia. Mas também usará o termo “luta” enquanto verbo, para levar à frente as ações em defesa dos direitos dos trabalhadores e em busca de uma educação pública de qualidade.

Erguidos das tragédias, fazemos memória e seguimos em frente, mobilizados, porque não há outra condição à classe trabalhadora no avanço e manutenção de direitos a não ser a forja na luta.

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