A astronomia é uma das mais antigas ciências. E, até hoje, desperta interesse em pessoas de todas as idades. Quem nunca olhou para o céu e ficou admirando o brilho intenso da Lua cheia ou as diferentes cores aparentes das estrelas? Mas a astronomia não se resume a isso. Vai muito além. Por isso, é preciso que os professores se especializem cada vez mais para que possam transmitir informações atuais e corretas para os seus alunos.
E foi com essa missão que, em 2009, a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) criou os Encontros Regionais de Ensino de Astronomia (Ereas). A iniciativa nasceu no Ano Internacional de Astronomia (AIA), como um subprograma das comemorações. O objetivo era capacitar, de maneira contínua, professores dos ensinos fundamental e médio. Em média, por edição, são atendidos 120 educadores.
Neste ano, marcamos um verdadeiro gol para a astronomia brasileira. Ultrapassamos o nosso 50.º Erea, uma marca impressionante para um país no qual a ciência ainda engatinha lentamente. Conseguimos levar o conhecimento dessa ciência para quase 6 mil professores de Norte a Sul do Brasil, indo de capitais até cidades longínquas do interior. Além disso, distribuímos 2 mil galileoscópios (lunetas).
Nessas ocasiões, são expostas novas metodologias na área das ciências espaciais e são sugeridas atividades práticas. Durante o programa, especialistas realizam oficinas de projetos lúdicos e palestras. Ainda aproximamos professores dos ensinos fundamental e médio de astrônomos profissionais e amadores da região.
Foram três encontros em 2009, nove em 2010, 12 em 2011, 11 em 2012, dez em 2013 e seis em 2014. Passamos pelos estados do Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e até em Santa Fé, na Argentina.
A missão central dos encontros é debater e compartilhar práticas pedagógicas voltadas ao ensino da astronomia, além de divulgar o valor dessa ciência em âmbito regional. Nosso desejo é realizar uma grande integração entre educadores, pesquisadores, estudantes e astrônomos.
Os Ereas são promovidos pela Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), mas conta com o importante apoio de parcerias locais e, principalmente, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com o Instituto Nacional de Estudos Espaciais (Inespaço). Muito se tem feito. Mas sabemos que ainda é pouco.
O país tem hoje 50 milhões de alunos, 2 milhões de professores e 190 mil escolas. A ciência precisa de mais investimentos para capacitar mais educadores. Para tanto, são necessários mais recursos. Nosso sonho é cobrir todo o território nacional. Fazer com que cada jovem possa ter acesso a um telescópio em sua casa ou, pelo menos, na escola. E é só por meio da disseminação científica que, no futuro, seremos uma grande potência do conhecimento.
João Batista Garcia Canalle, astrônomo, é coordenador da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA).
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