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Nem mesmo o mais otimista dos homens poderia negar que chegamos ao fim de uma era saudável, a do indivíduo racional e responsável, para mergulharmos fulminantemente em tempos sombrios de psicopatia, de narcisismo, da cagueta e do controle e autoritarismo estatal.
Dentre os principais vetores que nos impelem a afundar na areia movediça estão principalmente três: o grande Estado do bem-estar social, a mídia “progressista” e a (des)educação e o (des)ensino em todos os seus níveis. Claramente, estes três vetores se combinam e têm efeito, conjunta e negativamente, sobre todos nós.
O estudo e conhecimento das lições históricas em nível econômico e social, a fim de aprender (não de apagar) aquilo que traz resultados efetivos para o bem comum – e aquilo que claramente constitui-se em falácias –, está sendo cancelado e amplamente desmerecido.
Políticos despreparados e populistas deixam-se levar pelos gritos estridentes de “justiça social” e passam a implementar medidas comprovadamente contraproducentes e arbitrárias, tudo em nome de um equivocado coletivismo “salvador”. Pois é do próximo voto que advém a continuidade de suas benesses...
A hiperpolarização política expõe as contradições do lado de grupos minoritários identitários, que querem ter seus direitos impostos intolerantemente, valendo-se da ênfase de todas as possíveis diferenças, e eliminando qualquer tipo de entendimento com base nas semelhanças existentes. Esses exigem direitos, mas desrespeitam os diferentes e não assumem suas próprias responsabilidades com o todo social.
Nesse ambiente de legítima guerra civil, as pressões “igualitárias” e coletivizantes sobre o Estado se aprofundam e, como presenciamos a olhos nus, caminhamos por parcelas ao almejado sistema coletivista. Mais iniciativas arbitrárias são tomadas para o “nosso bem”, e aqueles que divergem dessa “intelligentsia coletivista” que se cuidem: provavelmente serão criticados e caguetados para as autoridades estatais. Lembram de algo?
Nossos tempos são explicitamente de adultos infantilizados, que se encontram aprisionados em suas fantasias e pulsões do inconsciente freudiano, recolhidos na caverna de suas cabeças de suas próprias identidades hiperindividualistas. Eles não têm os recursos necessários para sobreviverem à mais singela frustração, sedentos exclusivamente por gratificações imediatas. Tecnicamente, uma geração de psicopatas, imunizados contra a vida na realidade objetiva.
A (des)educação e o ensino deficitário, junto com uma mídia “progressista”, completam a excelsa tarefa de imbecilização, de forma extremamente bem-sucedida. Professores desqualificados, sonhadores da impossível “igualdade”, treinam jovens inexperientes para se fixarem nos seus mundos individuais e, sem a reflexão honesta sobre as possibilidades do mundo existente fora de suas mentes, preparam-nos para a guerra social contra os bastardos opressores.
A mídia faz seu trabalho, bombardeando ofertas de produtos e serviços promotores de saúde, beleza, status e sucesso, mas pais e filhos aparentam não ter os recursos para o necessário filtro e, posteriormente, uma ação alinhada com suas próprias visões de virtudes e de objetivos de vida; a ditadura da maioria é avassaladora. Ao mesmo tempo, essa mesma mídia “progressista” atua incessantemente em prol do bondoso coletivismo, que sempre engorda suas contas pela grandiosa publicidade estatal.
Pais são estimulados pela mídia ao cuidado excessivo dos filhos, tanto na questão do consumo quanto no direcionamento em relação aos valores. Em nossos tempos sombrios, aqueles que deixarem que suas crianças narcisistas se frustrem serão igualmente caguetados para os órgãos competentes.
Muitos pais abdicaram da vital tarefa de ensinar o basilar em casa, especialmente sobre os valores virtuosos e saudáveis. A carência ainda é maior pela falta de treinamento em relação às responsabilidades individuais dos jovens. Além disso, delegaram a babás e a escolas esta função, que não se realiza e agrava o problema da escassez de afeto parental. Cenário perfeito para a infantilização de adultos “flocos de neve”, insensíveis a qualquer desafio que traga no seu bojo frustrações, alérgicos às responsabilidades, e que continuarão a viver com medos e presos nas suas cavernas identitárias.
Com 24 horas de ofertas “para se dar bem na vida”, sem os afetos e a educação adequada em casa, aquela que treina os filhos para serem adultos responsáveis e íntegros, aliada ao (des)ensino que prepara para a exigência de direitos e para a rixa social, não há recursos e equipamentos adequados para um enfrentamento satisfatório do futuro. Futuro este que deveria ser de liberdades com responsabilidades, visando a construção de genuíno bem comum.
Porém, o que temos de sobra por aí é um exímio treinamento realizado para o aprofundamento de sociedades coletivistas, narcisistas, de dedos-duros e do cada vez maior autoritarismo estatal. Que futuro mais negro... perdão, obscuro!
Alex Pipkin é bacharel em Comércio Exterior e Administração de Empresas, pós-graduado em Comércio Internacional, em Marketing e em Gestão Empresarial, mestre e doutor em Administração – Marketing e professor universitário em nível de graduação e pós-graduação.