Quando se unem a direita mais fisiológica do Congresso à esquerda radical, encarapitada em estatais e em órgãos federais, além da direita e da esquerda disfarçada tanto dentro como fora do parlamento, o resultado é previsível e trágico, avesso à competência e ao desenvolvimento do país. São alas que se alimentam e se sustentam do dinheiro público. E detestam competência e inteligência, têm aversão à competência e ao bom senso.
Por isso a saída de Pedro Parente da diretoria da Petrobras era tão previsível, reivindicada tanto por Eunício de Oliveira, emedebista, um Zé Bonitinho do Senado, e pelos petroleiros cutistas, que seguem à risca as regras ditadas pelo lulopetismo de “quanto pior, melhor”.
A saída de Parente foi a vitória do retrocesso, do país a mando de um Congresso corrupto e falastrão, que treme de medo das acusações de corrupção, de partidos à esquerda órfãos de seu maior líder, Luiz Inácio Lula da Silva, preso na Policia Federal, em Curitiba, e de um governo frágil, vítima de dezenas de denúncias.
Um governo frágil desde a escolha de Temer para ser o vice de Dilma não deixou alternativas para a competência
Apesar de sua competência política e administrativa muito acima de sua antecessora (há cálculos de que a presença do PT e seus cupinchas na Petrobras, BNDES, Correios, Banco do Brasil e Caixa Econômica teria custado dois terços dos recursos dos cofres públicos), afastada por justo impeachment, Michel Temer deixou à mostra, em mais um episódio, que este não é um país para competentes e sérios. É o país de uma greve sustentada por empresários falidos e por esquerdistas sindicalistas abrigados e protegidos por uma legislação trabalhista defasada, mofa. Os mesmos que reivindicaram, junto com a direita mais fisiológica, a saída de Pedro Parente e suas tristes consequências – uma delas, certamente, a transformação da estatal novamente em “casa da mãe Joana”.
Apenas uma dessas consequências pode mostrar a gravidade da fragilidade de Temer e seus aliados próximos: no dia seguinte à “exoneração” de Parente, as ações da Petrobras valiam R$ 40 bilhões a menos. Como a acionista majoritária da empresa é a União, perdemos todos os brasileiros, inclusive os irresponsáveis do Congresso. Mas há outras consequências tão desastrosas quanto esta para a estatal, que tinha saúde financeira recuperada e equilibrada depois do rombo praticado pelo PT e seu bando com o propinoduto. Durante a greve, as exportações do país caíram 36%, a produção de automóveis deve despencar 30% e, mesmo depois da tal baixa no preço do diesel que fora o estopim da paralisação, ninguém garantia esta queda no valor nas bombas dos postos de combustíveis no prazo previsto.
Leia também: O difícil caminho até a liberdade econômica (editorial de 17 de junho de 2018)
Leia também: Um país refém (artigo de Adriano Gianturco, publicado em 13 de junho de 2018)
Este país desastrado, que provavelmente nunca foi uma democracia, é que sustenta os desvarios esquerdistas e o fisiologismo na máquina pública, especialmente no Congresso Nacional, com raros políticos que podem ser mencionados como exceções.
Sabemos que Michel Temer herdou o país com um perfil funesto, com inflação nas alturas, juros nas alturas, total descrédito interno e externo. Uma situação que assustaria a maioria dos brasileiros, inclusive os falastrões do Congresso Nacional. Mas, na hora de provar que as decisões políticas e econômicas devem ser equivalentes para preservar tanto o crédito interno quanto externo, não teve o pulso suficiente. O afastamento de Parente da Petrobras, porque o governo não teve força suficiente para bancar o jogo político, provocou de imediato a reação das agências de classificação de risco Fitch e Moody’s, que previram um perfil negativo para o país.
A questão é, sobretudo, política: um governo frágil desde a escolha de Temer para ser o vice de Dilma Rousseff feita pelo papa do petismo, Lula, não deixou alternativas para a competência. Parece que o nosso país, desde há muito e infelizmente, é condenado ao atraso.
Impasse sobre apoio a Lula provoca racha na bancada evangélica
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Eleição de novo líder divide a bancada evangélica; ouça o podcast
Eleição para juízes na Bolívia deve manter Justiça nas mãos da esquerda, avalia especialista