O projeto de nossa autoria “Orientação vocacional em todas as escolas da rede pública estadual”, aprovado em sessão plenária da Assembléia Legislativa do Paraná, em 24 de março de 1993, previne graves lacunas sociais. Ele traz uma série de diagnósticos e propostas que, neste cenário atual de desemprego, são fundamentais para reverter o quadro que hoje se observa.
Existe uma profunda ignorância concernente ao aspecto transcendental do magistério, desvalorizado e massacrado pelos humilhantes salários enquanto se submete os professores a exigências absurdas e desumanas. Isso leva ao crescente afastamento de grandes cabeças preocupadas com status, assim como decepções, angústias e aposentadorias antecipadas, resultando em autêntico caos social e educacional. Neste particular, o Teste Laval de Aptidão ao Magistério, aprovado em simpósio estadual, constitui em excelente contribuição.
A evasão escolar, a repetência e o fenômeno dos menores de rua têm vários motivos, como o baixo nível social, moral e financeiro dos pais ou responsáveis pela criança; e a pobreza de recursos humanos – psicólogos, assistentes sociais, orientadores – que atuariam como recuperadores e estimuladores educacionais, conduzindo a criança à valorização pela escola. Daí a importância das estratégias concernentes à orientação vocacional, explicitadoras da razão de ser de disciplinas como Matemática, Português e Ciências em determinadas profissões, como o estabelecimento de convênio entre instituições educacionais e escolas profissionalizantes tais como Senai, Sesi e Senac, objetivando condições profissionalizantes às crianças com tendências à evasão escolar, motivando-as a permanecer na escola fundamental. Evitaríamos, desse modo, o crescente número de menores abandonados.
A mão de obra desqualificada causa redução na produção e no crescimento
É frequente, ainda, a dualidade de atitudes entre pais e professores. Em tais circunstâncias, é imprescindível a organização da Associação de Pais e Mestres, que tem como finalidades desenvolver a amizade entre ambos, evitando-se com isso os contraproducentes “bilhetinhos” que simplesmente afastam os pais da escola; combater a insegurança e a indisciplina do educando; possibilitar aos pais aprimoramento social, cultural e profissional por meio do intercâmbio de habilidades profissionais, recurso que também conduz à geração de empregos.
Falta, ainda, orientação sexual concernente ao objetivo do matrimônio, envolvendo mútua valorização. Tais lacunas resultam em gravidez precoce, abortos, mortalidade, promiscuidade, doenças e desvios sexuais, drogas e violência. Ausente, também está a orientação religiosa, tendo como consequência egoísmo, descrença, ganância, sem falar dos preconceitos de classe, políticos, religiosos ou nacionalistas, causadores de grandes conflitos sociais.
Não existe uma orientação vocacional ao decorrer do ensino fundamental, direcionado ao ensino médio profissionalizante, gerador de emprego, com possibilidades para ensino superior, que leve em consideração fatores como mercado de trabalho, condições físicas necessárias, satisfações pessoais, obstáculos, possibilidades para o acesso à faculdade, especializações, cartão de apresentação, roteiro para entrevistas, técnicas de relações humanas, semana de informação profissional, documentários, palestras, dossiê de orientação vocacional, técnicas de avaliação, Teste Laval de Aptidão ao Magistério, com circulares destinadas aos pais e professores relatando eventuais problemas biopsicossociais levantados na escola e famílias. Na orientação vocacional para o ensino superior, aplica-se as mesmas estratégias usadas para o ensino médio.
É oportuno endossarmos que as lideranças do G7, o grupo dos sete países mais industrializados do mundo, enfatizaram a prioridade da necessidade de aceleração da formação profissional, pois sua falta ocasiona desemprego, com as conhecidas consequências: miséria, exclusão social, angústia, neurose e pânico social, delinquência, prisões, suicídios, indenizações e salário-desemprego. A dificuldade de opção consciente concernente às profissões influencia na desqualificação da universidade: o número exagerado de vestibulandos, ultrapassando em muito as vagas nas universidades, leva ao empreguismo e à politicagem. Sem indivíduos devidamente ajustados em suas profissões, há ausência de lideranças, ideais, potencialidades políticas e projetos sociais. A mão de obra desqualificada causa redução na produção e no crescimento. A dificuldade de qualificação na universidade acaba justificada pela frustração e desajuste vocacional do acadêmico, preocupado com as dificuldades do mercado de trabalho e pelas indecisões de uma profissão escolhida irrefletidamente.
Concluímos, diante de deficiências tão gritantes, que somente por meio do enriquecimento das instituições escolares, com equipes multidisciplinares compostas por psicólogos, assistentes sociais, orientadores, terapeutas e associações de pais e mestres, atingiremos objetivos tão elevados e prioritários, contribuindo com a geração de novos empregos e com o aperfeiçoamento do magistério.
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