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Na fé e na mística que nos envolve no lema de ordenação episcopal de dom Moacyr Vitti, despedimo-nos com muita emoção, nesse 26 de junho, de nosso arcebispo, que partiu de maneira tão repentina. Somos todos gratos pelo que vivemos com dom Moacyr nesses anos, especialmente desde 2004, quando ele foi nomeado nosso arcebispo. Foi ele quem me nomeou para as últimas paróquias onde estive e também para a função na qual pude acompanhá-lo de perto junto ao governo, como coordenador da Ação Evangelizadora da Arquidiocese. O que me impressionou nesses últimos dez anos foi sua forma de governar, sua discrição em tudo o que fazia, na vida pessoal e eclesial. Muitas foram as reuniões, encontros e celebrações em que estive presente; dele esperei e tive o apoio e ajuda que me faziam refletir para tomar uma decisão certa e segura. Aprendi muito e aos poucos foi se formando uma amizade sincera.

Tínhamos celebrado os seus dez anos de arcebispado e todos perceberam sua alegria. Uma vivacidade que testemunhava na cultura do encontro, como o papa Francisco tem orientado. Nos momentos informais encontrava-se com os amigos de pescaria, como era seu costume, ou com os amigos das cantatas em italiano, impressionando a todos pelo seu entusiasmo. Quanta humildade diante dos poderes públicos, com tantas atividades em Curitiba e nos municípios que formam a Arquidiocese.

Recentemente tinha dito a ele: "Dom Moacyr, o senhor cantou a canção Cabocla Teresa com os seminaristas ontem. Gosto muito dessa canção, pois lembra meu pai, que a toca em sua viola". Dias se passaram e, em seu aniversário, essa mesma música me fez lembrar de meu pai biológico e cantada pelo meu pai na fé. Essa música desperta a alma e remete à história de sertanejos; talvez ele a tenha escutado dos cortadores de cana de Piracicaba, de sua gente simples que o fez cristão. Depois, com a ajuda dos padres estigmatinos, ele se fez religioso e consagrou sua vida a Deus. Com certeza, está face a face com o Pai e deixa-nos o legado da história que fez na Igreja de Curitiba, pelo diálogo e pelo discernimento entre todos nós.

No céu deve estar cantando o Va piensero e outras tantas canções que cantava também em italiano. Partilhei um pouco da emoção que vivi ao lado desse homem de fé, mas também aberto à cultura desse tempo presente, e rezo para que a vida religiosa e espiritual que dom Moacyr testemunhou nos ajude a sermos sinais da vida, do eterno Deus em que cremos. Em torno de um só coração trilhemos nossa história e não fujamos da realidade, mas que possamos interpretá-la com novo ardor, novos métodos e novas linguagens. Uma linguagem para sair ao encontro do outro e ajudar no testemunho de uma Igreja samaritana, acolhedora diante das periferias existenciais que precisam ser iluminadas. Sejamos luz como foi dom Moacyr.

Padre Rivael de Jesus Nacimento, mestre em Teologia Pastoral e reitor do Santuário Nossa Senhrora de Lourdes (Campo Comprido).

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