Na manhã do dia 19 de novembro de 2006, 43.449 candidatos ao Processo Seletivo 2007 da Universidade Federal do Paraná amanheceram com uma certeza: de que iriam participar de um dos concursos mais bem elaborados e seguros do país. Alguns desses candidatos, por motivos pessoais, faltaram às provas, mas a grande maioria apresentou-se a tempo de realizar o processo de identificação e a prova como previsto.
Mas o previsto um concurso tranqüilo como os acontecidos nos últimos anos não ocorreu por um simples motivo: capricho da natureza. Uma tempestade como a que não acontecia há mais de 20 anos em Curitiba abateu-se sobre a cidade e provocou um caos nas ruas, incluindo mortes. Nesse cenário, o Processo Seletivo 2007 da Universidade Federal do Paraná agendado com um ano de antecedência tornou-se um detalhe entre os muitos transtornos ocorridos com quedas de árvores, destelhamento, enchente e falta de energia elétrica por mais de sete horas em algumas regiões da cidade.
Nessas condições, os cerca de 898 servidores da UFPR que trabalhavam no concurso nos cinco locais de provas mais afetados pelas conseqüências da tempestade tiveram seu treinamento para o concurso colocado à prova para garantir condições aos mais de 11.000 candidatos que estavam alocados nesses espaços e que estavam em processo de seleção para um dos mais concorridos concursos públicos para instituições de ensino superior público do país. Esses servidores, que naquele momento seguiram atentamente as instruções passadas pelo Núcleo de Concursos, garantiram a tranqüilidade aos candidatos para que permanecessem nas salas de aula, esperando ou solucionando a prova com as condições apresentadas naquele momento.
Porém, essas condições não foram as ideais e a equipe do Núcleo de Concursos, acompanhada pelo reitor Carlos Augusto Moreira Júnior, esteve pessoalmente nos cinco locais de provas mais afetados para verificá-las. A princípio, o local mais afetado a UniBrasil parecia ser o único que deveria ter o concurso suspenso. No dia seguinte, isso mostrou-se um equívoco. O relato do que foi vivido pelos coordenadores dos outros quatro locais revelou a angústia dos vestibulandos em não possuírem condições ideais para finalizar a prova. Condições essas que a Universidade Federal do Paraná deve oferecer, mesmo que se abata sobre seu concurso um imprevisto atmosférico de proporções não previsíveis como a tempestade do dia 19 de novembro. É para garantir essa condição de igualdade entre todos os candidatos que concorreram às vagas de um mesmo curso que foi tomada a decisão de tornar sem efeito as provas nos cinco locais, oferecendo nova data para que esses candidatos possam ter as condições ideais para solucionar as 80 questões propostas.
É preciso lembrar que cada Processo Seletivo da Universidade Federal do Paraná começa a ser agendado, pensado e organizado imediatamente após a finalização do anterior. Assim, os editais para realização do concurso não podem prever eventualidades meteorológicas como a acontecida, nem soluções mirabolantes como o sugerido em muitas colocações apaixonadas de pais ou de próprios candidatos. Mesmo grandes hospitais possuem geradores apenas para os elevadores e centros cirúrgicos; não se poderia esperar que cada escola ou faculdade utilizada fosse precaver-se do vendaval com um gerador de energia. Pelo seu tamanho e grandeza, o vestibular da Federal é um dos mais copiados em sua estrutura e respeitado pela sua segurança e tratamento isonômico dos candidatos. Compreendemos a angústia dos pais e dos candidatos que deverão realizar novas provas e afirmamos que é para garantir-lhes a recompensa pelo seu esforço e competência de forma isonômica que será promovida a nova prova dia 1.º de dezembro. Temos certeza que os candidatos bem preparados, sejam os que passaram pelo imprevisto dia 19 de novembro ou já haviam deixado o local de provas, terão o seu mérito reconhecido duplamente na divulgação dos chamados para realizar a segunda fase do concurso. Ao mesmo tempo, não podemos permitir que o ocorrido abra espaço para oportunismos dos que solicitam o cancelamento de todo o concurso sem apresentar motivação que justifique tal atitude.
Por fim, gostaríamos de afirmar que decisões nem sempre são bem-vindas. Mas cremos na justiça da decisão tomada de oferecer nova oportunidade para os 11.550 candidatos que deverão comparecer dia 1.º de dezembro para a nova primeira fase. O mérito, o esforço e a dedicação com certeza serão bem recompensados.
Maria Cleusa S. Henklein é professora e coordenadora do Processo Seletivo 2007 da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
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