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Artigo

Uma colação política

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(Foto: /Pixabay)

Estive presente, no fim de fevereiro, na colação de grau da Universidade Estadual de Maringá. Fui preparado para prestar reverência aos recém-formados em um evento simbólico, uma formalidade em que os discursos rotineiramente se vinculam a temas como futuros desafios, ética profissional e superação. Talvez por ingenuidade minha, ou até negação da realidade, não previ o que estava por vir.

De início, chamou minha atenção que a oradora geral dos formandos expôs e criticou o “massacre do dia 29 de abril”. Tratava-se de uma colação de grau de cursos que, em sua maioria, são de licenciatura. Deste modo, não seria exatamente surpreendente tal posicionamento por parte da oradora e até dos seus colegas, correto?

Mas o pior estava por vir. A paraninfa geral, vestida com uma camiseta azul em que estava escrito “meu corpo é político”, começou a discursar e, imediatamente, a cerimônia solene se tornou seu palanque político. Em meio às várias palavras de forte caráter ideológico e de política identitária, desde menções a feminismo, racismo, transfobia, LGBTQ, até a sugestão de que nosso país poderia estar melhor caso pessoas como Carlos Marighella – o guerrilheiro – não tivessem sido mortos pela ditadura militar, me dei conta do que estava acontecendo.

A esquerda se apoderou das instituições de ensino, principalmente na área de humanas, que viraram disciplinas ativistas

Nunca tendo estudado em instituições públicas, sempre entendi como um exagero a noção de que nosso ensino público, seja em colégios ou em universidades, estivesse maciçamente aparelhado por ideólogos da esquerda. O discurso foi um tapa na cara da minha tola expectativa. No passo em que se pôs a criticar as políticas do governo Bolsonaro, os pais, na plateia – e eu também – começamos a vaiar e, em resposta, os recém-graduados aplaudiam fervorosamente a paraninfa. Uma dicotomia e tanto.

Coloquei-me a imaginar os pais, desavisados, que enviam seus filhos para estudarem nas universidades públicas esperando que voltem educados, mas que, em vez disso, voltam doutrinados. Que desastre!

A esquerda se apoderou das instituições de ensino, principalmente na área de humanas, que viraram disciplinas ativistas. Embora não mais consiga vender o socialismo, a esquerda vem dessa vez disfarçada de pós-modernista, com discurso de “justiça social” – um termo elegante, que atrai e ludibria seus proponentes a se autointitularem pessoas de grande virtude. Essas mesmas pessoas “virtuosas” criam infindáveis listas de grupos “oprimidos” e se utilizam do poder do Estado para impor à sociedade suas visões políticas: cotas raciais e sociais, ideologia de gênero, igualdade de resultados, dentre tantas outras noções que são tortas desde a concepção.

Terminado o espetáculo político que outrora foi divulgado como uma colação de grau, finalmente entendi a necessidade de o governo Bolsonaro tratar diretamente essa questão com prioridade. E indago: considerando que somos o estado com maior número de universidades estaduais do país, não seria sensato que o governo Ratinho Júnior aproveitasse o momento político para também combater esse mal?

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