• Carregando...

A composição de forças políticas que vem mantendo o controle da prefeitura de Curitiba irá enfrentar um teste de fogo nas próximas eleições. A pretensão de reeleição do atual governador Beto Richa ao Palácio das Araucárias está condicionada ao êxito eleitoral do atual prefeito e candidato à reeleição Luciano Ducci. A recondução desse último à prefeitura de Curitiba terá de remover e superar obstáculos de grande envergadura política.

Em termos conjunturais, o PT vem tecendo um robusto e bem-sucedido processo de hegemonia a frente dos aparelhos de Estado e, apesar de não ter um nome próprio com chances de derrotar a aliança Beto/Ducci na capital, irá interferir no rumo das eleições e, para isso, conta com aliados de peso. A manutenção das candidaturas de Gustavo Fruet e Ratinho Junior, personagens com indiscutível expressão eleitoral, é um claro aviso à coalizão política encabeçada por Beto/Ducci de que o pleito eleitoral em Curitiba terá segundo turno e implicará a polarização ideológica das forças políticas que disputam a conquista do Poder Executivo na capital paranaense.

A crescente importância econômica e política de Curitiba no cenário regional tem por efeito provocar, dentro e fora do estado, perdas e ganhos que vão muito além da coalizão política que pretende governar a cidade nos próximos 4 anos. Em termos de estratégia política, a disputa pelo poder na capital paranaense insere-se no grande jogo das batalhas eleitorais visando à sucessão presidencial e a próxima eleição para governador do estado em 2014. Em função disso, a maioria dos confrontos ideológicos hegemonizados pelo PT e PSDB nas capitais e cidades-polo terá como pano de fundo o confronto de discursos políticos enfatizando o papel do Estado, ora como indutor do desenvolvimento econômico e agente de transferência da renda social, na ótica petista, ora como mero coadjuvante da mão invisível do mercado, na ótica privatista tucana.

À medida que a cidade de Curitiba acha-se submetida ao alinhamento político e à costura de interesses partidários nacionais, as forças políticas locais tornam-se reféns dos interesses e coalizões partidárias pouco compreensíveis aos olhos do cidadão comum. Entre os opositores de Dilma Rousseff, a ordem do dia é fortalecer o poder da coalizão política que busca a reeleição de Beto Richa ao governo do estado e consolidar a figura de Aécio Neves para enfrentar o PT e aliados no próximo embate presidencial. Do lado da coalizão petista, a vitória eleitoral de Fruet ou Ratinho Junior na capital abre caminho para que a senadora e atual ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, se viabilize como alternativa política para derrotar Beto Richa na próxima eleição para o governo.

Por hora, a tarefa mais difícil caberá ao prefeito Luciano Ducci. Em que pese o enorme poder da máquina municipal, terá de vencer a falta de carisma e adversários com enorme capital eleitoral. Fruet mostrou grande capilaridade na última eleição para o Senado e goza de simpatia perante os eleitores de classe média. Ratinho Junior, deputado federal mais votado no estado, vem consolidando preferência eleitoral nas classes populares de Curitiba e região metropolitana. Neste importante e indispensável seguimento eleitoral, tanto Fruet quando Ducci demonstram dificuldades de consolidar suas candidaturas. Diante desse cenário, a permanência ou não da candidatura de Ratinho Junior na disputa eleitoral poderá determinar, antes mesmo do início do horário eleitoral gratuito, se haverá ou não segundo turno na escolha do futuro prefeito da capital.

Cezar Bueno, doutor em Sociologia, é professor da PUCPR.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]