| Foto: Felipe Lima

Existem ideias e expressões que são postas em circulação e são fruto de uma irresponsabilidade sem igual. Muitas das pessoas que as repetem não param para pensar sobre as consequências do que dizem. Apenas seguem replicando-as, certas de que defendem algo razoável quando, de fato, amplificam uma injustiça e inverdade.

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É como o caso dessa incansável repetição sobre a existência de uma tal “cultura do estupro”, que acaba sendo o exemplo perfeito de uma macaquice que toma as gentes e as transforma em meros canais de disseminação de preconceitos e conteúdos ideológicos.

Não lembro de ter conhecido alguém que achasse a violência contra a mulher aceitável

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Por uma vida segura e livre de violência para as mulheres

Negar que exista uma cultura do estupro é negar a existência desses crimes

Leia o artigo de Xênia Mello, advogada e militante feminista

A expressão “cultura do estupro” surge no seio do movimento feminista americano, nos anos 70, e se refere a um ambiente no qual o estupro é predominante e a violência sexual contra as mulheres é normalizada. O que as feministas querem dizer é que os homens ocidentais crescem nesse ambiente e, portanto, acabam assimilando as ideias dispostas nele, assumindo que agredir sexualmente uma mulher é algo normal.

Assim, quem repete essa ideia está nada menos que acusando todos os homens como eu; como os leitores do sexo masculino; como seus pais, irmãos, amigos e cônjuges, minhas caras leitoras, de estupradores em potencial. Isso mesmo! Elas simplesmente colocam todos os homens no mesmo saco dos criminosos e violentadores e acham que dizer isso é algo absolutamente normal.

Sinceramente, em minhas quatro décadas de vida, não lembro de ter conhecido alguém que achasse a violência contra a mulher aceitável. E creio que a minha experiência não é diferente da verificada pela maioria das pessoas. Ainda assim, existem aquelas que insistem na existência dessa cultura.

É certo que o problema das mulheres violentadas sexualmente no Brasil é absurdo. Cinquenta mil estupros por ano é uma barbárie, de fato. Mas uma barbárie também é o número, ainda maior, de homicídios. E quem tem coragem de dizer que todo brasileiro é um homicida em potencial?

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Na verdade, a questão da violência no Brasil é mundo mais profunda. É algo relativo à impunidade e à liberdade dos maus. Não tem nada a ver com as pessoas comuns que são colocadas ao lado de bandidos e estupradores. Não tem nada a ver com os homens que se escandalizam quando sabem que uma mulher foi violentada. Aliás, lembre-se de qual o tratamento dado aos violadores sexuais nas prisões e tenha uma ideia clara sobre o que o brasileiro acha do estupro.

Mas o que o movimento feminista quer é levantar sua bandeira sexista e manipular as mulheres, criando nelas um estado de paranoia, fazendo com que não deixem de olhar para qualquer homem sem deixar de ver nele uma ameaça.

A contradição nisso tudo é que esse mesmo movimento feminista, como participante dos grupos de esquerda, é contra o armamento dessas mesmas mulheres, o que seria a solução para evitar tantos estupros no país; e contra a redução da maioridade penal, o que atingiria muitos dos atuais estupradores. Basta isso para demonstrar que as feministas estão longe de estar preocupadas com as mulheres violentadas. O que elas querem mesmo é impor sua agenda ideológica e fomentar o conflito entre os sexos, o que faz parte de sua estratégia histórica, nem que tenham de usar aquelas mesmas que dizem defender.

Fabio Blanco é advogado, articulista e blogueiro.