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Ilustração: Felipe Lima
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Lição um: caso o preço aumente, a demanda pelo produto cairá; ao mesmo tempo, a oferta do produto vai aumentar. O preço carrega informação para compradores e vendedores, demandantes e ofertantes, sobre a escassez relativa do bem em questão. Quanto maior a escassez, mais caro o bem.

Lição um e meio: economia é sobre pessoas (não sobre coisas ou preços), e pessoas respondem a incentivos. Se o preço relativo de alguma coisa subir, as pessoas tenderão a consumir menos, e produzir mais; caso o preço diminua, as duas lógicas se invertem: pessoas tenderão a consumir mais e ofertantes serão desincentivados de produzir.

Lição um e meio: economia é sobre pessoas (não sobre coisas ou preços), e pessoas respondem a incentivos

Assim, chego ao ponto central: as tais “tarifas dinâmicas” dos aplicativos de transporte são benéficas ou maléficas? Usando teórica econômica, deveríamos ser a favor ou contra elas?

Em economia, quando um preço sobe abruptamente, geralmente por causa de ocorrência externa (um desastre natural, por exemplo), diz-se, pejorativamente, que os empreendedores estão praticando price-gouging, que estão “explorando” os consumidores que são obrigados a pagar duas, três,... dez vezes o “preço normal” do produto.

Observadores atentos percebem que essa modificação de preços ocorre em situações muito específicas: em noites chuvosas, perto de locais de grande concentração de pessoas, quando há algo errado com os outros meios de transporte (uma greve de ônibus, por exemplo). Daí, o que se tira?

Se voltarmos às lições, fica simples: o preço tende a aumentar se há aumento na demanda, e, como diz a lição um e meio, se isso ocorrer, mais fornecedores terão incentivos para ofertar o serviço. No mundo real funciona mais ou menos assim: temos chuva na cidade, o trânsito está um caos, preciso ir de A para B, o preço normal é R$ 15, hoje custa R$ 60, um absurdo, um caso claríssimo de abuso de poder econômico, de price gouging.

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Mas o que acontece com a oferta do serviço? Com o preço alto, motoristas que não estão trabalhando recebem ofertas de trabalho; como é fácil atender ao chamado (basta pegar o carro, ligar o aplicativo e ir para a rua), torna-se muito fácil aumentar a oferta. Quando alguns motoristas atendem ao chamado, a oferta de serviços cresce, isso pressiona o preço e tende a fazer com que, veja só, o preço diminua.

O segundo argumento em favor da variabilidade dos preços do transporte proporcionada pelos aplicativos é que, com os preços mais altos, apenas pessoas que mais valorizam o serviço irão, de fato, usá-lo. A informação sobre a escassez carregada pelos preços avisa a todos que o serviço, no momento, não é abundante e que, portanto, o usuário deveria buscar alternativas, ficar em casa, ir a pé, pegar uma carona, esperar para sair depois... Só quem realmente precisa vai usar. Não vou chamar o aplicativo para ir no bar, mas vou usá-lo para levar minha irmã ao médico.

Sugerir que a movimentação livre de preços (no caso da tarifa dinâmica dos aplicativos de transporte) deve ser proibida ou regulada é uma incompreensão profunda de leis básicas da economia. E, como disse Murray Rothbard, não é crime algum ser ignorante em economia, mas é totalmente irresponsável se manter ignorante e, ainda assim, bradar opiniões sobre o tema.

Fernando Monteiro D’Andrea, engenheiro e doutorando em Administração, é especialista do Instituto Mises Brasil.

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